ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 095: Saberes plurais em torno do uso de drogas
O uso da bebida alcoólica entre indígenas e a interface entre saúde, gênero e violência
Pesquisa realizada com indígenas, envolvendo a questão do uso da bebida alcoólica, entre vários fatores elencados, observa-se a referência sobre o uso dessa substância como um desinibidor social (Langdon, 1999; Oliveira, 2004; Vieira-Silva, 2005; Guimarães e Grubits, 2007), sendo que, algumas dessas pesquisas também aponta a questão da violência como algo relacionado ao abuso da ingestão do álcool. Guimarães e Grubits (2007), apontam que a relação álcool e violência, em alguns casos, pode ser um um elemento agravante em os casos de violência. Porém, nesse ponto especifico, observa-se que, a referência aos casos violência e uso do álcool, quando citadas, identifica-se algumas particularidades diferencias nas referências feitas por homens em relação as observações apontadas pelas mulheres (Vieira-Silva, 2005; Guimarães e Grubits, 2007). Atualmente, em pesquisa em andamento com indígenas Pankararu e Warao, nas informações adquiridas no diálogo com a comunidade, tantos homens, quanto mulheres inidgenas, das duas etnias pesquisadas, relacionam alguns casos de violência ao uso da bebida alcoólica. Porém, ainda numa análise inicial, pode-se perceber que, em alguns casos, só os homens relacionam o uso da bebida alcoólica a gravidade da violência doméstica, as vezes usando esse argumento como justificativa da ação violenta. No caso das mulheres, apesar de reconhecerem que o efeito do álcool como efetivo para a gravidade da violência doméstica, boa parta delas apontam não ser culpa do álcool a agressão e sim da maneira como os homens indígenas têm lidado com as mudanças e os problemas do cotidiano. É importante destacar que esses casos estudados, envolve o consumo da bebida destilada. Dessa maneira, também é importante ter a ideia que a introdução do álcool destilado, nas comunidades indígenas, conforme afirma Quiles (1999), foi usado pelos conquistadores como uma arma de dominação e de extermínio”. De acordo com Oliveira (2004) e Kohatsu (2001), tudo é parte de um processo de subjugação da cultura dos dominadores que vieram da Europa. Essa estratégia serviu para o projeto colonizador que levou a apropriação de terras e bens das comunidades indígenas e o permanente uso causou duas mudanças drásticas no modo de beber desses povos, gerando problemas enfrentados na atualidade.