Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 091: Religiões afro-brasileiras e mobilizações afrorreligiosas: enfoques etnográficos e metodológicos contemporâneos
"Acima das nuvens e abaixo dos céus": uma análise da cosmologia dos encantados no tambor de mina em São Paulo
Esta pesquisa tem por objetivo investigar a cosmologia dos encantados, uma categoria específica de
entidades que teve origem na região amazônica, mas hoje se encontra difundida em várias cidades do Brasil,
inclusive naquelas mais urbanizadas, como São Paulo. Segundo os religiosos, o encantado é uma divindade que
tendo vivido na terra não passou pelo processo de morte, se encantou. Este processo de encantamento ocorre
em diversos espaços da natureza, como rios, praias e florestas, criando um espaço mitológico chamado
encantaria, localizado, ainda segundo os religiosos, acima das nuvens e abaixo dos céus. Neste sentido, o
encantado coloca em perspectiva algumas categorias sociais fundamentais como vida e morte, por não estarem
localizados em nenhuma das duas lógicas, ou tempo e espaço, por estarem associados a um tempo fora do tempo
e a um espaço mítico (encantaria) que embora possa se referir a lugares geograficamente identificáveis (como
rios e florestas) fazem alusão a eles enquanto portais ou passagens para outras dimensões cosmológicas. A
pesquisa atualmente está em desenvolvimento trabalhando com esta categoria de entidades na cidade de São
Paulo trazida de Belém do Pará por Pai Francelino de Xapanã, primeiro fundador da Casa de Minas de Thoya
Jarina atualmente dirigida por Márcio Adriano. Com base nos dados bibliográficos e de campo, temos uma nova
perspectiva destas entidades ao chegarem na capital paulista partindo de uma ideia de noção de pessoa, no
qual uma mesma categoria de entidades possui um comportamento em seus cavalos em determinadas regiões.
Investigar a cosmologia e a adaptação destas entidades torna-se fundamental para compreender a difusão e as
mudanças culturais que estas religiosidades apresentam ao transitarem por diferentes territórios.
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