Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 076: Antropologia nos Museus: coleções etnográficas, detentores e artistas
Os caminhos do Museu Apyãwa: um processo de musealização em curso
Os Apyãwa/Tapirapé, povo tupi-guarani que vive no estado de Mato Grosso, Brasil, vêm se organizando para
construir um museu em seu território na região da Serra do Urubu Branco. Trata-se de um sonho antigo, que se
fortalece junto com uma série de retomadas apyãwa: o antigo território, o retorno das festas da tarywa
(ciclo ritual anual), a escola própria, o fortalecimento da língua e da pesquisa apyãwa. O percurso da
musealização apyãwa passa pelo encontro, em diferentes momentos desde os anos 1970, com pesquisadores
antropólogos que lhes visitaram e pela visita de mestres e lideranças do povo a museus etnográficos nos
Estados Unidos e na França. Isto simultaneamente à formação crescente de pesquisadores e pesquisadoras
apyãwa através da escola e em cursos de graduação e pós-graduação universitários. Desde 2019, a partir de
processo colaborativo entre o povo Apyãwa e a UFJF (contando também com colaboradoras da UFRJ) elaboramos um
projeto para a edificação do museu (conforme demanda inicial das lideranças apyãwa) ao mesmo tempo que
realizamos conversas e reflexões voltadas à musealização apyãwa. Como equipe de antropologia do projeto,
desenvolvemos recentemente oficinas com professores e pesquisadores apyãwa para a escuta da experiência de
outros povos indígenas, como os Kaninde e os Tikuna, na feitura de seus museus e nos inserimos nos debates
da Rede Indígena de Memória e Musealização Social. Submetemos a presente proposta ao GT com intenção de
trazer os desafios que temos encontrado na busca de caminhos para a construção da gestão apyãwa tanto dos
acervos que irão compor o museu na aldeia de Tapi'itawa quanto dos objetos apyãwa que hoje habitam
instituições museológicas no Brasil e no exterior.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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