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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 029: Arquivos, coleções e objetos de arte: artefatos e invenções em perspectiva etnográfica
Entre Arquivos e Arte: A materialidade como meio de dialogo na Antropológico
Embora a teoria da arquivologia informe a existência de uma diferença entre Arquivos, Museus e Bibliotecas, de que forma uma antropologia da arte poderia borrar os limites dessa definição? Afinal, existem diferenças significativas entre as instituições arquivísticas e as Coleções de Arte? De que maneira os estudos sobre materialidades, antropologia em arquivos e antropologia da arte podem desconstruir essas diferenças? Neste trabalho, discuto como o ato de reencontrar a materialidade no processo arquivístico abre espaço para reimaginar o arquivo, a produção da memória e as múltiplas definições de Arte. Analiso as maneiras pelas quais a materialidade dos objetos, documentos, pastas e fotografias possibilita a construção de novos horizontes de significado nos arquivos. Nesse contexto, integro o debate sobre etnografia em arquivos aos debates sobre antropologia da arte. Desta forma, reencontrando na materialidade do arquivo a noção antropológica de objetos artísticos. Além disso, busco exemplos empíricos de exposições que unam o arquivo à arte. Assim pretendo desenvolver uma dimensão dialógica no processo de organização do arquivo e de construção de uma coleção artística. Para fazer essa discussão, o presente trabalho é dividido em quatro partes. Na primeira, faço uma recapitulação do reencontro entre a etnografia em arquivos e a materialidade arquivística. Em seguida, discuto a concepção de Alfred Gell sobre uma antropologia da arte e sua noção de objetos artísticos para a antropologia. Neste mesmo momento analiso algumas das obras do artista Stanley Brouwn e seu processo de transformação de objetos de arquivo em objetos de arte. Em uma terceira parte, utilizando o exemplo prático do Arquivo comunitário Zumví Arquivo Afro-fotográfico na 35ª Bienal de Arte de São Paulo, discuto como o próprio arquivo pode ser concebido como uma exposição de arte e quais são as implicações teóricas desse processo. Por fim, desenvolvo uma experimentação com as fotografias presentes no fundo Roberto Cardoso de Oliveira. Hoje esse fundo pertence ao acervo do Arquivo Edgard Leuenroth. Por último, realizo uma experimentação com as fotografias do acervo Roberto Cardoso de Oliveira, atualmente parte do Arquivo Edgard Leuenroth. Meu objetivo final é reinterpretar as diversas fotografias deste renomado pesquisador brasileiro como registros artísticos que contribuem para a formação da história da antropologia no país. Cardoso de Oliveira foi um destacado antropólogo brasileiro, tendo sido um dos principais responsáveis pela institucionalização da antropologia no Brasil.