Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 004: Améfricas: retomadas na antropologia pelo pensamento indígena e da áfrica-diaspórica por meio de experimentos de linguagens e escritas contra-coloniais
As narrativas eos sonhos das masculinidades negras no Tororó: Bairro mais recuado de Cachoeira (BA)
Esta comunicação aborda um campo de memórias afetivas e socioculturais da identidade territorial do bairro investigado, o Tororó, que fica recuado do centro da cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia. Território originário ameríndio, também morada da população preta que desembarcava nos portos do Paraguaçu na condição de escravizada, em um passado histórico doloroso e traumático, no tempo da escravidão, que se reflete até os dias de hoje. Mas não é só isto que resume a nossa história. Bem como Beatriz Nascimento nos alerta, esta é uma terra que não mais representaria o sentimento de pertença, na verdade o corpo negro é o próprio território de pertença. Pensando em diálogos contemporâneos com a ancestralidade e a ruptura do que é tido como ideal intelectual do Ocidente, busco trazer nessas memórias mais dolorosas, atingidas pelas lembranças do tempo passado, as narrativas ancestrais que são a possibilidade de conexão com nossa identidade fugitiva, a partir desse corpo negro que antes de tudo é como uma máquina do tempo transatlântico, compreendendo o pensamento elaborado pela Lélia González de Amefricanidade para “castelar” as dinâmicas histórico-cultural na favela, a partir de onde reexistimos em espaço-tempo físico e espiritual distinto. Nesse sentido, apresentamos narrativas autobiográficas e memórias de homens negros, jovens e mais velhos, alguns centenários, que habitam o território do Tororó. A pesquisa está sendo desenvolvida como um Trabalho de conclusão de curso e visa exatamente ressaltar como as memórias masculinas, ancoradas no território se alimentam de sonhos que atravessam gerações de homens negros, entre a memória pessoal e a coletiva. Investigamos assim as memórias dos mais velhos e jovens para “castelar” e cartografar narrativas que constroem a identidade do bairro investigado e como esses sonhos mantiveram-se vivos em espaço-tempo distintos, passado, presente e futuro, na ancestralidade e em suas subjetividades
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