Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 035: Cidades e citadinidades: questões de Antropologia Urbana
Cidade das Crianças: entre a gestão pública e as experiências dos sujeitos
O presente trabalho visa debruçar-se sobre três respostas (duas positivas e uma negativa) dadas a uma questão colocada às crianças que foram interlocutoras em minha pesquisa de doutorado (Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Paraíba), ainda em desenvolvimento: Vocês concordam que Jundiaí/SP pode ser considerada a cidade das crianças? A cidade mencionada integra, desde 2018, a Rede Latinoamericana Projeto Cidade das Crianças e, desde então, a expressão adjetiva das crianças acompanha o nome da cidade (em documentos, em materiais de divulgação, nas redes sociais, etc.). Tal Projeto, elaborado na Itália há mais de trinta anos, consiste em uma proposta de gestão municipal que tem por objetivo colocar as crianças nos centros das ações e está presente em mais de trezentas cidades ao redor do mundo. A tese de doutorado busca compreender as especificidades da realização do Projeto Cidade das Crianças em Jundiaí/SP, desse modo, há três anos tenho acompanhado as políticas públicas e intervenções urbanas realizadas em prol da infância neste município. Três técnicas de pesquisa com crianças foram empregadas no presente recorte da tese. Em primeiro lugar, realizei uma entrevista formal com um menino de nove anos estudante da rede municipal. A segunda refere-se a conversas informais em um parquinho com três meninas moradoras de um bairro periférico. Por fim, realizei uma oficina com um grupo de aproximadamente quinze crianças que integram um órgão municipal intitulado Comitê das Crianças. Ao olhar para três respostas e justificativas conflitantes, busco compreender as diferenças urbanas que perpassam as experiências das crianças e os desafios e contradições impostos pela e à gestão. Além disso, o trabalho irá refletir sobre o fazer-cidade-das-crianças; conceito em desenvolvimento que busca dar conta do que as crianças fazem, querem, propõem e precisam no contexto urbano. Destacarei os agentes (humanos e não humanos) envolvidos nessa construção (prefeito, ongs, empresas, placas, elementos da natureza, pinturas, cores, entre outros).