Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 089: Quilombos: processos de territorialização, movimentos sociais e conflitos
Trajetória Intelectual de Mulheres Quilombolas do Espírito Santo: o caso de duas irmãs.
Em trabalhos de campo desenvolvidos nas comunidades tradicionais de quilombo do Espírito Santo temos
acompanhado que o acesso ao processo de escolarização está inscrito nas reivindicações e lutas por direitos
destes territórios. Neste contexto, algumas mulheres vêm se destacando e alcançando níveis mais elevados de
escolarização, em alguns casos, influenciadas pelas trajetórias de lideranças locais, ou de familiares.
Diante deste cenário, este artigo visa analisar a trajetória escolar de duas irmãs, Juliana e Isabel,
pertencentes a comunidade quilombola de Monte Alegre, localizada no município de Cachoeiro de Itapemirim-
ES. Ambas foram influenciadas pela trajetória do pai, que concluiu curso de terceiro grau, exerce papel de
liderança local e escreveu um livro sobre a comunidade. Para tanto, são utilizados dados obtidos por meio da
pesquisa de doutorado da autora, intitulado Trajetórias acadêmicas de mulheres quilombolas do Espírito
Santo, desenvolvido no PGCS-UFES. Também utilizamos dados provenientes do projeto Africanidades
Transatlânticas: história, memórias e culturas afro-brasileiras, que tem por objetivo realizar estudos em
comunidades tradicionais de matriz africana e afro-brasileiras no Espírito Santo, entre as quais as
comunidades quilombolas. Para coleta de dados foram realizadas entrevistas de narrativas de vida pensadas de
acordo com a perspectiva de Bertaux (2010). As trajetórias destas irmãs evidenciam que as políticas de ações
afirmativas vêm contribuindo para novas experiências individuais e coletivas dos estudantes quilombolas, que
ao adentrarem nas universidades além de contribuírem para a construção de novas epistemologias passam a ser
referências para que novos estudantes ocupem este lugar de disputa. Observa-se ainda, que as relações no
ambiente escolar vivenciadas pelos/as estudantes quilombolas são permeadas por processos de violência como
racismo e segregação. A educação para as relações étnico-raciais é vista como uma das estratégias para mudar
esta realidade.
Palavras Chaves: Mulheres quilombolas; Trajetórias de escolarização; liderança.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
Associação Brasileira de Antropologia - ABA