Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 042: Desafios dos estudos ciganos no campo da Antropologia: questões de método e novas demandas políticas
Histórias Cruzadas: As trajetórias de mulheres ciganas calons no Recôncavo baiano
As reflexões apresentadas neste trabalho, compõem parte da discussão da pesquisa de mestrado ainda em andamento junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. A respectiva investigação tem como objetivo recuperar e compreender as trajetórias de vida de mulheres ciganas calons em Governador Mangabeira, no Recôncavo baiano. Logo, essa pesquisa não tem a intenção de fazer considerações eternas e definitivas, nem tão pouco de construir uma narrativa universal que se aplica a todas as mulheres ciganas, mas propõe aqui uma reflexão provisória, a partir dos fragmentos dessas trajetórias construídas e reconstruídas pelas próprias interlocutoras. Recupero e aciono o pensamento da teórica Gayatri Spivak, na obra "Pode o subalterno falar?" (2010), para demarcar meu lugar enquanto pesquisador, que não tem a intenção de falar por essas mulheres, mas de escrever em companhia delas. Recorro a uma abordagem metodológica qualitativa, conformada por um conjunto de procedimentos e métodos que ajudou na construção da evidência empírica, a partir do que propõe Cardoso (1986); Jovchelovitch e Bauer (2003). Utilizei o método da participação observante para compreender essas experiências tanto no acampamento quanto fora dele. Dito isso, também empreguei as entrevistas narrativas como uma importante técnica de geração de dados com essas mulheres. Logo, a narrativa não é aqui entendida como uma listagem de acontecimentos cronológicos, mas uma tentativa de ligá-los, tanto no tempo, como no sentido. Os resultados provisórios da pesquisa refutam a ideia da existência de uma mulher cigana arquetípica e essencializada. As narrativas dessas mulheres reconstroem e posicionam suas experiências a partir contextos outros: a vida em comunidade no acampamento, as cerimônias de casamento e festividades; superando assim, narrativas outras que as colocaram historicamente no lugar de vítimas e/ou vilãs.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
Associação Brasileira de Antropologia - ABA