Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 003: Alteridades na universidade: saberes locais e diálogos críticos
"Indigenizando a universidade": ações afirmativas, lutas por reconhecimento e ativismos juvenis na Universidade Federal Fluminense
A presente proposta tem como objetivo documentar e discutir antropologicamente a experiência de construção de um grupo de trabalho na Universidade Federal Fluminense, que visa criar e implementar um vestibular específico para estudantes indígenas e quilombolas nessa universidade.
A demanda, levantada inicialmente por um grupo de estudantes indígenas da referida instituição, possibilitou a criação de um espaço de visibilidade diante da escassa presença de corpos negros e indígenas na instituição, habilitando também questionamentos aos silêncios e às exclusões em termos curriculares e epistemológicos.
A Universidade Federal Fluminense, que possui vários campus em diferentes municípios do Estado do Rio de Janeiro, conta atualmente com 72 mil estudantes, mas apenas 0,18 se autodeclaram indígenas, o que indica uma sub-representação se considerarmos que segundo o último censo (2022) a população indígena no país alcançou quase o 1%.
Em 2022, foi formado um coletivo de estudantes indígenas que, junto com professores e outros estudantes não indígenas parceiros, vêm discutindo propostas de acesso e permanência, como a criação de um vestibular específico, pois entendem que a política de cotas (Lei 12.711/2012 e Lei 14.723/2023) não dá conta de combater as desigualdades educacionais, nem de atender as especificidades culturais e escolares das populações indígenas e quilombolas.
A apresentação abordará os debates e as práticas que o grupo vem desenvolvendo, que revelam posicionamentos e ativismos juvenis importantes de serem compreendidos em profundidade, bem como as alianças, tensões e conflitos estabelecidos com diversos agentes universitários.
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