Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 053: Estudos Etnográficos sobre Cidadania
"Nós vamos cuidar dos ciganos": Direitos Humanos, família, infância e a gestão da diferença no Estado do
Rio de Janeiro.
A frase destacada no titulo desse trabalho faz parte do discurso da então ministra das Mulheres, Família
e Direitos Humanos (MDH), Damares Alves, no dia 24 de maio de 2019, o evento foi organizado pela Secretaria
Nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir/MMFDH) e pelo Ministério Público Federal
(MPF), em Brasília em comemoração ao Dia Nacional do Cigano e intitulado "Ciganos no Brasil: Diálogo e
Construção". A cerimônia foi divulgada nos Jornais, Redes sociais e no site oficial do Ministério das
Mulheres, Família e Direitos Humanos. A reportagem do site do MDH tinha por título: Ministra anuncia novo
recorte para os povos ciganos no Disque 100, dando destaque a uma das duas mudanças que foram destaques nas
falas que ocorreram no evento.
Viso analisar a centralidade das categorias infância e família no campo dos Direitos Humanos e sua operação
no dispositivo de gestão de populações minoritárias e periféricas, tendo como alvo o campo político cigano,
objeto central da tese de doutorado que defendi recentemente. O meu foco de análise para este texto serão as
redes construídas por grupos ciganos relacionadas a política e dispositivos de cuidados da família e da
infância no Rio de Janeiro. Principalmente após a extinção do Ministério da Cultura (MinC) no ano de 2019 e
o deslizamento das políticas públicas direcionadas aos ciganos serem incorporadas e geridas pelo recém
criado Ministério da Mulher da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).
Refiro-me à Secretaria dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA) e também alguns Conselhos Tutelares
existentes no Estado do Rio de Janeiro. Tanto a Secretaria dos Direitos da Criança quanto alguns Conselhos
Tutelares tiveram a participação de ciganos como gestores e/ou como objeto de seus cuidados. Destacando,
entre alguns grupos ciganos que acompanhei, cresceu a importância atribuída às categorias infância e família
tanto como modo de construir uma identidade pública dos ciganos como minoria quanto como forma de
participação de lideranças ciganas reconhecidas na gestão de populações minoritárias em defesa de seus
direitos.
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