ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 053: Estudos Etnográficos sobre Cidadania
"Nós vamos cuidar dos ciganos": Direitos Humanos, família, infância e a gestão da diferença no Estado do Rio de Janeiro.
A frase destacada no titulo desse trabalho faz parte do discurso da então ministra das Mulheres, Família e Direitos Humanos (MDH), Damares Alves, no dia 24 de maio de 2019, o evento foi organizado pela Secretaria Nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir/MMFDH) e pelo Ministério Público Federal (MPF), em Brasília em comemoração ao Dia Nacional do Cigano e intitulado "Ciganos no Brasil: Diálogo e Construção". A cerimônia foi divulgada nos Jornais, Redes sociais e no site oficial do Ministério das Mulheres, Família e Direitos Humanos. A reportagem do site do MDH tinha por título: Ministra anuncia novo recorte para os povos ciganos no Disque 100, dando destaque a uma das duas mudanças que foram destaques nas falas que ocorreram no evento. Viso analisar a centralidade das categorias infância e família no campo dos Direitos Humanos e sua operação no dispositivo de gestão de populações minoritárias e periféricas, tendo como alvo o campo político cigano, objeto central da tese de doutorado que defendi recentemente. O meu foco de análise para este texto serão as redes construídas por grupos ciganos relacionadas a política e dispositivos de cuidados da família e da infância no Rio de Janeiro. Principalmente após a extinção do Ministério da Cultura (MinC) no ano de 2019 e o deslizamento das políticas públicas direcionadas aos ciganos serem incorporadas e geridas pelo recém criado Ministério da Mulher da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Refiro-me à Secretaria dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA) e também alguns Conselhos Tutelares existentes no Estado do Rio de Janeiro. Tanto a Secretaria dos Direitos da Criança quanto alguns Conselhos Tutelares tiveram a participação de ciganos como gestores e/ou como objeto de seus cuidados. Destacando, entre alguns grupos ciganos que acompanhei, cresceu a importância atribuída às categorias infância e família tanto como modo de construir uma identidade pública dos ciganos como minoria quanto como forma de participação de lideranças ciganas reconhecidas na gestão de populações minoritárias em defesa de seus direitos.