ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 006: Antropologia audiovisual com fotografias e filmes: da película ao digital
"Mal de Família": perspectivas e articulações entre cinema de horror, família e parentesco
Este trabalho versa sobre movimentos, articulações e imbricações entre a família, sua representação e [re]criação dentro do cinema, focando especificamente no cinema de horror enquanto gerador, formador e [de]formador (Grunvald, 2016) de família. O cinema de horror enquanto um objeto antropológico, nos permite analisar diversas formas pelas quais as famílias são construídas e [des]construídas em tela; o horror enquanto gênero, produz brutalidade mas também produz tensões e emoções pungentes, que permitem não só nos atermos a esses filmes como um espelho nefando da realidade, mas como um reflexo implacável, o qual tal fabulação traz com sangue e medo, laços de parentesco que se cristalizam tanto em tela quanto no nosso tecido social. Inspirado no estudo que Rose Satiko Hikiji (1998) faz da representação da violência no cinema para a pensar dentro da sociedade, aqui coloco o foco no horror para analisar de que formas as famílias são articuladas, representadas e enquadradas dentro desse gênero fílmico. Fazer essa etnografia fílmica (Reyna, 2019), não é apenas ser espectador do filme, não fazer apenas uma etnografia da tela mas fazer parte da narrativa, estar no mundo-película convivendo com esses personagens acompanhando-os durante o percurso fílmico. Assim, o cinema é o locus, a gênese imagética para estudar as formas de ser e estar enquanto família, às pensando dentro de um devir do seu fazer-família (Grunvald, 2021), constituídas no seu fazer e não como algo já dado e concreto, monolítico. A película, ao retratar diversos modelos e formações familiares não apenas articula as formas que as famílias são retratadas na tela, seja para cristalizar formatos já prescritos na sociedade quanto para ressignificar e dar um novo molde para relações de parentesco. O filme, neste caso, é tanto o objeto de estudo quanto a tecnologia que produz as famílias e a realidade social, o locus de estudo e a gênese produtora de família.