ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 038: Criatividades indígenas na transformação da educação escolar
Educação Escolar e Patrimônio Cultural: Esforços Huni Kuĩ; para construir políticas públicas e proteger infâncias
O texto que segue traduz-se como um exercício que articula reflexões desenvolvidas a partir de esforços indígenas para a transformação de duas políticas públicas: a de Educação Escolar e de Patrimônio Cultural, cujo efeito derradeiro é a proteção das infâncias, associada ao devir dos adultos. Os Huni Kuĩ, povo que vive em terras indígenas no Brasil e Peru, falantes da língua pano, desde os anos 2000 desenvolvem vigorosas estratégias para defesa de direitos e incidência nas políticas públicas que alcançam seus territórios. Suas perspectivas nos fazem ultrapassar o binômio políticas públicas interculturais e dirigidas aos povos indígenas, para específicas e construídas pelos Huni Kuĩ. Neste cenário, destaca-se a articulação intra-comunitária, que busca comunicar, ampliar, aprofundar e consolidar o que é denominado Educação Escolar Huni Kuĩ, que enseja a participação de sábios e sábias deste povo nos processos educativos escolares, a definição de currículos próprios, a autonomia e o protagonismo pedagógico. Ao mesmo tempo, empenham-se de forma intensa no campo da política de patrimônio cultural, que convocou o Instituo de Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional (IPHAN) à proteção dos seus grafismos, os Kene Kuĩ que, com efeito, deu início ao seu registro como patrimônio cultural imaterial do país. Ao passo que agir sobre as políticas públicas é uma ação dos homens e mulheres em fase adulta, a sua consequência mobilizadora no interior das comunidades ocorre em virtude da compreensão Huni Kuĩ de que a exposição excessiva a conhecimentos exteriores é um perigo às infâncias e, deste modo, todo adulto deve estar comprometido com a educação das crianças para serem corpos/pessoas que pensam sobre sua comunidade, o que sugiro, é uma estratégia de proteção. Esta comunicação propõe uma análise inicial sobre a interconexão e efeitos da política Huni Kuĩ de produzir, proteger e fixar os corpos das crianças, articulada às suas dinâmicas externas de atuação e controle sobre a ação do poder público nos campos da educação escolar e do patrimônio cultural.