Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 069: Maternidades Violadas: desigualdades, violências e demandas por justiça e direitos
O agridoce do cuidado: fazendo a vida possível em contexto precário
Este trabalho é parte dos desdobramentos da minha dissertação, na qual pesquisei, em bairros periféricos
de Parnamirim (Rio Grande do Norte), as percepções de segurança pública e as estratégias de manutenção da
vida de jovens negros que mães que já tinham perdido um filho adotavam para que outros tutelados com o mesmo
perfil não morressem. Nela observei que em um território marcado por múltiplas precariedades e violências as
tutoras de um segmento em alta vulnerabilidade são as que muitas vezes ficam encarregadas de construir
formas de habitabilidade para quem está sob seus cuidados. Neste artigo descreverei como a relação das
minhas colaboradoras de pesquisa com os filhos (tanto com os que já morreram, quanto com os que estão vivos)
criava um território habitável para si e para os jovens de quem elas se responsabilizam, sendo um elemento
significativo para o sentido que elas davam as suas vidas, ao mesmo tempo que também representava algo que
as desgastavam física e mentalmente. Essas análises foram fruto de alguns dos nossos momentos de interação,
englobando nosso primeiro contato, a resposta de um questionário estruturado, entrevistas realizadas com o
intuito de provocar a narração biográfica delas sobre suas formas de maternarem e outras ocasiões que
tivemos no nosso convívio comunitário, já que resido no mesmo local em que faço campo.
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