Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 062: Fronteiras e fabulações: antropologias especulativas e experimentos etnográficos
"Da arte se faz vida!": experiências do fazer extensão entre HIV/aids, experimentos artísticos e literatura
Extensionar no campo do HIV, desde a antropologia, requer menos aprender a manejar uma linguagem
técnica, de caráter biomédico, do que se aventurar na procura de intersecções dinâmicas com outros saberes e
(re)produções de linguagens. Requer também uma sensibilidade para aproximar dos mundos da vida um debate que
costuma oscilar entre o técnico e o moral, explorando para isso a polissemia que converge nos diálogos do
HIV nas diversas temporalidades da epidemia e nos sentidos que as transbordam. Tais linguagens foram sendo
entendidas - e vivenciadas - durante a execução do projeto de extensão Falando Sobre Aids, sediado na
Universidade Federal da Paraíba desde o ano de 2020, e que envolve docentes e discentes de graduação e
pós-graduação dos cursos de antropologia, ciências sociais e letras. Dentre as diversas atividades
realizadas ao longo de uma trajetória de quatro anos, destacamos aqui as aproximações com as dimensões
artísticas, especialmente com as narrativas autobiográficas de caráter literário, desenvolvendo uma técnica
em que não apenas esses escritos foram lidos, mas sim, trazidos para o corpo; corpo que performa, que
peregrina pelo caminhar da vida e reluz o fundado otimismo de Herbert Daniel (1989), para ser vivido. O
mesmo corpo figuracional de Haraway (2000), que carrega significados políticos, sociais, artísticos e
culturais, fora representado nas atividades do projeto. Para tal construção, baseando-se nas performances de
Franco Fonseca (2020), na literatura de Caio Fernando Abreu (1994) e nos escritos de Marina Vergueiro
(2019), a equipe do projeto experimentou explorar, dialogar e interpretar para a comunidade, tornando seus
próprios corpos e vozes como intermediadores. Entendemos essas construções como uma ferramenta propulsora de
aproximação do público com o debate em HIV, esta que por sua vez auxilia no rompimento dos imaginários
estigmatizantes, da discriminação, que gera conhecimento e apreciação. Falar sobre aids, seja por qualquer
linguagem que possa ser oferecida, é, sobretudo, falar sobre arte, e extensionar neste mesmo campo, é
produzir vida.
Palavras-chave: HIV/aids; Extensão; Literatura; Performance.