Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 086: Povos indígenas e experiências de construções biográficas
"Uma semana a pé": caminhos percorridos por Dona Zeferina no cuidado com parentes Kinikinau
Dona Zeferina, a vovó, como é chamada por seus descendentes coabitantes do seu entorno, é filha de pai
e mãe Kinikinau. Terena, Kinikinau e Laiana são representantes atuais dos povos Chané-Guaná, de língua e
etos Aruak, cujos ancestrais viviam no Chaco paraguaio e Pantanal. Esta senhora, com aproximadamente 90
anos, vive atualmente na aldeia Mãe Terra, Eno Poke´e, uma retomada no Pantanal sul-mato-grossense
juridicamente identificada e declarada de ocupação tradicional Terena. Mediada por sua filha mais velha,
Águeda, nos conhecemos em 2010, e na ocasião ela vivia junto a seu finado marido Miguel, filho de índio
Laiana, como fazia questão de dizer. Pisando na terra, percorrendo caminhos que interligam aldeias e
territórios indígenas, a biografia proposta objetiva apresentar algumas passagens da micro-história de
Zeferina e da parentela dos Roberto/Moreira/Pereira. Colocando-a em diálogo com os efeitos da política
indigenista brasileira nos incessantes e atuais desterros Kinikinau, os episódios e motivações das
principais andanças narradas por ela também envolvem feitiços, parentesco, o convívio compulsório com
sistemas de outras etnias e um pouco mais a ser desvendado. Para lidar com as ameaças que recaíram sobre a
vida de Dona Zeferina e de sua família, a mobilidade e reordenação territorial tornaram-se modos de proteção
para construir o cuidado dos seus e de si.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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