ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 061: Formas da restituição: coleções científicas, reparação e a longa jornada de volta.
Decolonização em Processo: O Retorno do Manto Tupinambá
Os Tupinambás eram uma população indígena do tronco linguístico Tupi, e originalmente os mantos das tribos eram utilizados por pajés durante rituais, e considerados vestimentas sagradas. Datados dos séculos XVI e XVII, eram construídos manualmente a partir de penas costuradas em malha, por meio de técnica repleta de ancestralidades do povo Tupinambá. Atualmente poucos exemplares são encontrados em Museus pelo mundo (não ultrapassando 5 exemplares), e foram levados de seus povos por europeus em viagens, para serem oferecidos como presentes aos monarcas. Os mantos, tal como o Manto Tupinambá, são representações valiosíssimas da arte indígena, e vestimentas carregadas de religiosidade. O Manto, que está há mais de 300 anos na Dinamarca, será devolvido, e deve ser repatriado para o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2024. A decolonização surge como um movimento de (re)apropriação, aplicando o olhar para os povos oprimidos ao longo da história, e permitindo sua reconstrução; e junto a museologia social, que defende os Museus como locais de uso comunitário e participativo, para salvaguarda, e também divulgação das histórias sobre termos próprios de cada povo, surge o questionamento: qual será a história da arte indígena, por detrás daquela criada e contada pelos colonizadores? Este estudo aborda e levanta respostas para tal questionamento; aponta e dissemina a história que compõe o caminho percorrido pelo Manto Tupinambá, desde sua saída do Brasil, seus 300 anos na Dinamarca, até a decisão da sua devolução ao seu país de origem. E esta pesquisa também discute, e apresenta, possíveis contribuições da museologia social para a valorização e reconstrução da história da arte indígena. Descolonizar a arte indígena, em meio a participação ativa de seu povo, é criar meios para um futuro de reapropriação, em meio aos novos caminhos e novas faces também dos museus e das museologias.