Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 031: Artes e crafts: composições, técnicas e trajetos criadores
Linhas Pretas: Mapa Afrobrasileire de criadores de Moda
Nasce em 2022 a Coletiva Presentes Futuras, fruto do encontro de mulheres de diferentes regiões do Brasil que enxergam na arte a dimensão da força e do afeto como estratégia de produção de vidas. Composta por pesquisadoras, designers, stylists, costureiras e artistas, a moda é o que costura nossas histórias, trama nossos processos de criação e nos atravessa enquanto forma de luta por novas formas de ser e estar no mundo. Em 2024 lançamos o Mapa afrobrasileire de criadores de Moda. O incômodo que surge da invisibilização do trabalho de pessoas pretas foi a força motriz do projeto que teve como apoio e financiador, a FARM e o Instituto Precisa Ser. O objetivo da iniciativa, que está em sua primeira edição, foi criar uma ponte entre criadores, instituições, marcas e organizações, colocando esses nomes literalmente no mapa para futuras parcerias e presentes conexões, fortalecendo uma rede de apoio, por meio de uma plataforma online de acesso livre para consulta (https://mapalinhaspretas.com/). Mapeou-se 92 criatives pretes de 18 a 35 anos de diversos setores da moda, de todas as regiões brasileiras e que tem como pilares de seu trabalho: inovação, sustentabilidade, originalidade e decolonialidade. As inscrições foram recebidas via formulário online, estimulados por divulgação e abertura de diálogos estabelecidos nas nossas redes sociais. Para além dos elos estabelecidos, o projeto agora tem um valioso banco de dados que está em processo de análise de forma qualiquantitativa e pretende trazer informações importantes quando o assunto é a moda afrobrasileira. Leda Maria Martins (2021) nos fala que a vestimenta e o modo de vestir são integrantes das práticas corporais e acrescentam valores, movimentos, produzem imagens, esculpe gestos, marcam espacialidades e traduzem conceitos e hábitos, sendo assim, a composição vestuária é um veículo de mensagem. A moda, em seu caráter artístico (devido ao seu poder semiótico) e educador (devido a sistematizar de maneira organizada diversos saberes) permite que uma história seja contada sem proferir uma palavra. Na antropologia, a partir dos finais da década de 1980, a moda integra um outro quadro reflexivo sobre cultura material, que passa a considerar também as propostas conceituais, os objetos enquanto coisas que fazem as pessoas, tendo Daniel Miller (2013) e Karen Tranberg Hansen (2004) como algumas de suas figuras centrais. Por meio da análise desses dados, será possível identificar tendências, padrões e lacunas na representação e no reconhecimento dos criadores afrobrasileiros na indústria da moda. Essas informações podem servir como base para a formulação de políticas públicas, programas de incentivo, bem como para o desenvolvimento de estratégias que promovam a inclusão, a equidade e a diversidade dentro do setor.