ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
O que uma etnografia com uma professora de funk em diferentes espaços na cidade do Rio de Janeiro pode nos dizer sobre a produção de gênero?
A partir de trabalho de campo com Dudadance, uma professora e dançarina de funk que dá aulas do ritmo para diferentes mulheres em diferentes espaços na cidade do Rio de Janeiro, em sua mobilidade com o funk, que vai desde aulas gratuitas do ritmo para moradoras da comunidade da Rocinha até aulas pagas no Museu de Arte Moderna (MAM) para mulheres estrangeiras que estão de férias na cidade, meu objetivo com esta comunicação é discutir que na produção de gênero participam do processo também os distintos espaços públicos da cidade, ou seja, a construção de gênero com as aulas na Rocinha se faz por enredamentos heterogêneos das aulas no MAM, trazendo à tona as indeterminações de gênero. Aqui, questiono: de que forma a produção de gênero em diferentes escalas se desenvolve junto a mobilidade de uma professora de funk que circula na cidade do Rio de Janeiro? Para isso, importa descrever sobre a mobilidade de Dudadance na cidade do Rio de Janeiro pelo recorte da produção de gênero; e investigar com as indeterminações de gênero em diferentes escalas a partir da mobilidade dessa professora de funk na referida cidade. O campo teórico que tem me ajudado a levantar questionamentos é o do feminismo com a antropologia, incluindo os desconfortos oriundos desse diálogo (Strathern, 2009; Brah, 2006). Quem me inspira na discussão em torno das mobilidades citadinas através da sua produção etnográfica no Rio de Janeiro e as ambiguidades que emergem dessa circulação é Mizrahi (2014, 2018, 2019). Já na esfera das indeterminações em torno do gênero Hill Collins e Bilge (2021), Davis (2016) e Crenshaw (1989, 1991) são importantes nomes para o debate, principalmente pelo diálogo do gênero com outros marcadores como raça e classe, fortalecendo a presente pesquisa no aprofundamento epistemológico da interseccionalidade. Butler (2019, 2019a), Tsing (2015, 2019) e Abu-Lughod (2020) são pensadoras que me direcionam simultaneamente na inquietação das construções de gênero e nas indeterminações de fazer pesquisa com a etnografia através desse enquadre. Como primeiro esboço reflexivo a partir dos dados encontrados em campo nessa pesquisa em andamento, sugiro que a mobilidade de Dudadance, com suas aulas de funk para diferentes mulheres em diferentes espaços no Rio de Janeiro, fomenta heterogêneas produções de gênero com e para os espaços citadinos a partir das marcações sociais de raça, etnia e classe social, não anulando, no entanto, algumas similaridades instigantes, pois também há confluências nessas produções de gênero ainda que com os diferentes espaços e personagens.