Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 026: Antropologia, memória e eventos críticos
"A monstruosidade se vestiu de beleza": uma etnografia com e no filme La hora de los hornos
O filme argentino La Hora de los Hornos de 1968, dirigido pelos cineastas Fernando Solanas e Octavio Getino se propõe a construir uma narrativa acerca dos dias de ditadura vividos na Argentina, assim como em parte da América Latina. Trata-se, no entanto, de uma obra cinematográfica aberta às vontades revolucionárias e que sempre percorria seu caminho até o fim ou algo que possa representar a ideia de um fim cinematográfico, apenas quando inserida dentro do processo revolucionário como defendiam os diretores e demais cineastas do chamado Nuevo Cine Latinoamericano. Está inserção do filme no processo revolucionário se dava no caso do cinema militante argentino das décadas de 1960 e 1970, através da projeção do filme seguida do debate, sendo através deste debate que o espectador agora no caráter de ator militante também se insere no processo de construção da narrativa fílmica e, portanto, também se insere no processo revolucionário. Contra a ideia de um espectador passivo, o filme convoca Frantz Fanon, Che Guevara e outras figuras representativas para a chamada nova esquerda latino-americana. Este trabalho pretende centrar-se na construção de um discurso cinematográfico que se dá através das imagens em tela e extracampo, desenvolvendo uma análise fílmica antropológica atenta a elementos como: narração, trilha sonora, gestos, cores, planos, utilização de documentos oficiais nas imagens, além de outros elementos associados ao constante exercício de entender o filme junto ao contexto histórico em que foi produzido e sobre o qual se posiciona enquanto testemunho artístico e político. Através de reflexões acerca dos usos da memória em sua relação entre arte e política, este trabalho discorrerá acerca da relação entre imagem e antropologia, mais precisamente através de relatos imagéticos, sonoros e documentais sobre as ditaduras militares na América Latina, assim como sobre os processos imperialistas e neocoloniais.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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