Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 003: Alteridades na universidade: saberes locais e diálogos críticos
Refletindo sobre o PET Indígena como um espaço de interculturalidade na universidade
Este trabalho traz a discussão sobre o significado do Programa de Educação Tutorial (PET) Indígena para as universidades, num contexto de democratização do ensino superior, configurado pelas políticas de acesso e permanência para estudantes negros, indígenas e quilombolas, historicamente excluídos da formação superior no Brasil. O Programa de Educação Tutorial (PET) vinculado à Secretaria de Educação Superior SESu/MEC, foi instituído em 2005 para fomentar a aprendizagem tutorial sob o tripé ensino-pesquisa-extensão, vinculados às diversas áreas de conhecimento, composto por estudantes bolsistas e um professor tutor. Atividades acadêmicas em padrões de qualidade de excelência estimulariam a formação de profissionais e docentes de elevada qualificação técnica, científica e tecnológica. A Portaria 976/2010 trouxe inovações para a estrutura do PET como, por exemplo, a flexibilização e dinamização da estrutura dos grupos, união do PET com o Programa Conexões de Saberes, vinculação dos novos grupos às áreas prioritárias e às políticas públicas e de desenvolvimento, assim como a correção de desigualdades regionais e interiorização do programa, rompendo com uma lógica meritocrática de constituição do programa. De acordo com informações do MEC(http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/pet), o Programa conta com 842 grupos distribuídos entre 121 Instituições de Ensino Superior (IES). O PET Indígena tem sua criação vinculada à Universidade Federal da Bahia (UFBA), pela luta de estudantes que tinham origem indígena e conseguiram em Brasília a aprovação para criação do PET Indígena. Está presente em algumas universidades, dentre elas a UFPB, UFPE (vinculada ao Centro Acadêmico do Agreste), UFSM (PET Ñande Reko), UFSCar, UFMT, UFAC, UNIFAP. A presença dos PETs Indígenas provoca reflexões sobre a necessidade de agregar a diversidade cultural na dinâmica da universidade, com espaços de diálogo intercultural. Portanto, qual o significado do PET Indígena nas universidades, para os estudantes indígenas e demais comunidade acadêmica? Quais as motivações que impulsionam os estudantes indígenas a serem petianos? Através de pesquisa nos sites dos PETs Indígenas, da observação participante em eventos e acompanhamento do PET Indígena da UFPB, foi possível perceber a importância do PET Indígena como local de acolhida afetiva e efetiva dos estudantes indígenas. Desenvolvem projetos de extensão no território indígena e na universidade, cartografia, participam de eventos acadêmicos, com exposição de objetos e rituais indígenas, rodas de conversas e pesquisas temáticas. O PET Indígena demarca um lugar de visibilidade dos estudantes indígenas nas universidades, provocação para romper com a colonialidade de saberes e possibilidade de vivências interculturais na universidade.