Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 030: Arranjos contemporâneos de parentalidades
O Conceito de Família para o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos: Uma Etnografia com Famílias de Brasileiros
Este trabalho tem como objetivo geral descrever o reconhecimento de família pelo Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS), órgão responsável por julgar os pedidos vistos nos Estados Unidos. Será analisada a importância do conceito de família dentro das políticas migratórias dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito à obtenção de “green card”, baseado no casamento. A pesquisa se concentrará em entender como a imigração estadunidense reconhece e define o conceito de família, especialmente em relação aos laços afetivos e legais. Será explorado o papel das instituições e das práticas sociais na construção do conceito dentro do contexto imigratório. Para alcançar esse objetivo, será utilizado o método da observação participante aliado à técnica da entrevista. Isso permitirá a interpretação das dinâmicas que ocorrem no campo da imigração estadunidense, assim como as experiências subjetivas vividas pelos indivíduos naturais brasileiros que são afetados pelo processo imigratório. Essa pesquisa só foi viável devido a minha atividade profissional como “paralegal” em um escritório de Imigração nos Estados Unidos. Um dos principais desafios enfrentados durante a pesquisa será a navegação através das complexas políticas migratórias dos Estados Unidos, que muitas vezes podem ser confusas e contraditórias. Para embasar teoricamente esta pesquisa, serão utilizadas obras que abordam o conceito de família dentro do campo da Antropologia e dos Estudos Migratórios. Autores como Fonseca (1981) e Schneider (1984) fornecem bases importantes sobre as construções sociais e culturais da família, que podem ser aplicadas ao contexto migratório. Fonseca (1981), destaca a influência das forças institucionais na formulação das sensibilidades familiares. Essa abordagem será fundamental para entender como as políticas imigratórias dos Estados Unidos influenciam a concepção de família dos imigrantes naturais brasileiros. Schneider (1984), por sua vez, argumenta que a estrutura biológica da família é uma construção cultural, e não uma base natural. Essas perspectivas serão utéis para analisar como as políticas migratórias podem reconhecer e legitimar diferentes formas de família, independentemente de laços biológicos. Além disso, será realizada uma revisão bibliográfica de teses e estudos sobre imigração e políticas imigratórias nos Estados Unidos. Ao final deste trabalho, espera-se contribuir para uma melhor compreensão do reconhecimento de família de brasileiros pela imigração americana, assim como dos desafios enfrentados pelos indivíduos que buscam formar família com cidadão estadunidenses ou residentes permanentes legais.
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