Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 044: Dialéticas da plantations e da contraplantation: expropriação, recusa e fuga
Dos conflitos territoriais e ambientais em comunidades quilombolas no Recôncavo da Bahia as batalhas cosmológicas e modos de vida sobreviventes em meio as ruínas capitalistas.
Tendo por base minhas experiências de pesquisa com comunidades quilombolas no Recôncavo da Bahia desde 2010 e de orientação de dissertações de mestrado e teses de doutorado em Ciências Sociais e Antropologia a partir de 2013 - que privilegiaram em suas abordagens os conflitos territoriais vivenciados por algumas delas compartilho uma série de inquietações e ideias. Elas surgem em decorrência da interlocução estabelecida com membros destas coletividades e com colegas de campo, mas também a partir das leituras por mim realizadas que perpassam os debates do feminismo negro, das cosmovisões afro-brasileira e ameríndia, das etnografias do capitalismo, da decolonialidade e do plantationoceno. Não tenho a pretensão de fornecer respostas definitivas a (o) leitora (o) sobre o assunto, mas de empregar em caráter experimental categorias e conceitos e esboçar de modo preliminar possibilidades de análise e compreensão dos processos sociais em foco. As contendas entre quilombolas, fazendeiros, instâncias estatais e empresas existentes neste contexto parecem à primeira vista ser motivadas pelo acesso e controle de espaços e recursos naturais. Outrossim, os danos e prejuízos decorrentes delas estão inequivocamente atrelados as múltiplas expressões do racismo, em especial o institucional e ambiental (CARVALHO, 2019). Contudo, como tentarei demonstrar, esta é a camada mais externa e reconhecível de tais fenômenos. Existem outras mais profundas e turvas nas quais creio que nossa capacidade interpretativa precisa se aventurar a fim de desvelar batalhas cosmológicas (SAHLINS, 1992) e possibilidades de construções de refúgios para a vida em meio as ruínas do capitalismo (TSING, 2022) .
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