Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 055: Etnografias de processos de resistência de povos indígenas em Estados e governos de exceção
De Corumbiara à O Território: estrátegias de resistência indígena
O presente trabalho se debruça sobre os documentários Corumbiara (2009) e O Território (2022) com o
intuito de traçar paralelos e semelhanças entre os materiais propostos, para que se possa realizar uma
análise crítica acerca do momento de edição das películas, e o atual momento histórico e político. Conta
também com o recorte tanto etnográfico como geográfico, pois, ao se privilegiar tais documentários, enquanto
objeto de pesquisa, busca-se investigar uma realidade local, onde se aborda a realidade dos povos indígenas
e os desafios para a sua sobrevivência no estado de Rondônia, localizado ao norte do país.
Para a realização da análise sociológica, foram feitas a análise textual fílmica, tal qual idealizada por
Bill Nichols, e instrumentalizada por Casetti e Di Chio, em Como analizar un film. O método se constitui em
dois momentos fundamentais para o processo: a decomposição e a recomposição do filme. No primeiro momento, a
decomposição, se constitui a segmentação do filme e a análise desses segmentos. Já num segundo momento, é
feita a inferência dos dados coletados e analisados. Para além do método de análise textual fílmica, a
pesquisa também conta com estudo qualitativo e bibliográfico acerca dos conflitos socioambientais.
A partir da análise textual fílmica dos documentários propostos, é possível aferir a adaptação por parte dos
indígenas no estado de Rondônia, em relação aos anos que se seguiram entre um primeiro contato, como
exposto no documentário de Vincent Carelli, Corumbiara. Verificou-se, também, a instrumentalização
tecnológica obtida pelos indígenas retratados em O Território, da etnia Uru-Eu-Wau-Wau. Tal processo além
de retratar a realidade, foi utilizada para o auxílio da sua própria existência e resistência, diante dos
avanços neocoloniais, e predatórios frequentemente associados ao capitalismo à brasileira em expansão, que
vão de encontro ao seu modo de vida.
Com a análise qualitativa, para além da análise textual dos filmes, é exequível o enfoque nos aspectos
sociais, políticos, econômicos e culturais retratados nos filmes documentários, para que se possa investigar
e analisar os conflitos socioambientais que se seguem nas relações desenvolvidas diante das películas
estudadas. Identificando assim os atores sociais e políticos contidos nos documentários e os seus
interesses, assim como os impactos que causados pelo aluguel capitalista do chão (WOOD; FOSTER, 1999) que,
travestido de desenvolvimento, diante dos investimentos públicos-privados, que colocam em risco a vida dos
povos autóctones da Amazônia. Mas que não só estes, como os únicos a serem afetados com a destruição da
natureza, mas toda a vida na terra, em última escala.