ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 055: Etnografias de processos de resistência de povos indígenas em Estados e governos de exceção
De Corumbiara à O Território: estrátegias de resistência indígena
O presente trabalho se debruça sobre os documentários Corumbiara (2009) e O Território (2022) com o intuito de traçar paralelos e semelhanças entre os materiais propostos, para que se possa realizar uma análise crítica acerca do momento de edição das películas, e o atual momento histórico e político. Conta também com o recorte tanto etnográfico como geográfico, pois, ao se privilegiar tais documentários, enquanto objeto de pesquisa, busca-se investigar uma realidade local, onde se aborda a realidade dos povos indígenas e os desafios para a sua sobrevivência no estado de Rondônia, localizado ao norte do país. Para a realização da análise sociológica, foram feitas a análise textual fílmica, tal qual idealizada por Bill Nichols, e instrumentalizada por Casetti e Di Chio, em Como analizar un film. O método se constitui em dois momentos fundamentais para o processo: a decomposição e a recomposição do filme. No primeiro momento, a decomposição, se constitui a segmentação do filme e a análise desses segmentos. Já num segundo momento, é feita a inferência dos dados coletados e analisados. Para além do método de análise textual fílmica, a pesquisa também conta com estudo qualitativo e bibliográfico acerca dos conflitos socioambientais. A partir da análise textual fílmica dos documentários propostos, é possível aferir a adaptação por parte dos indígenas no estado de Rondônia, em relação aos anos que se seguiram entre um primeiro contato, como exposto no documentário de Vincent Carelli, Corumbiara”. Verificou-se, também, a instrumentalização tecnológica obtida pelos indígenas retratados em O Território, da etnia Uru-Eu-Wau-Wau. Tal processo além de retratar a realidade, foi utilizada para o auxílio da sua própria existência e resistência, diante dos avanços neocoloniais, e predatórios frequentemente associados ao capitalismo à brasileira em expansão, que vão de encontro ao seu modo de vida. Com a análise qualitativa, para além da análise textual dos filmes, é exequível o enfoque nos aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais retratados nos filmes documentários, para que se possa investigar e analisar os conflitos socioambientais que se seguem nas relações desenvolvidas diante das películas estudadas. Identificando assim os atores sociais e políticos contidos nos documentários e os seus interesses, assim como os impactos que causados pelo aluguel capitalista do chão (WOOD; FOSTER, 1999) que, travestido de desenvolvimento, diante dos investimentos públicos-privados, que colocam em risco a vida dos povos autóctones da Amazônia. Mas que não só estes, como os únicos a serem afetados com a destruição da natureza, mas toda a vida na terra, em última escala.