ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Trabalho para Mesa Redonda
MR 02: A Antropologia e a Década Internacional das Línguas Indígenas
Língua-espírito: ontologia da linguagem e a pesquisa das línguas ameríndias na Década Internacional das Línguas Indígenas
as línguas indígenas sempre foram prioridade das políticas administrativas do Estado desde o empreendimento colonial. As apropriações das línguas indígenas por agentes estatais, começando pela promoção do bilinguismo da população mestiça, passando pelas sistematizações jesuíticas e as atividades de coletas de listas de palavras das expedições científicas, mostram como as línguas indígenas foram fundamentais para a ocupação do território e controle das populações originárias pelas diversas Forma-Estado (colonial, imperial, república). Mesmo com o advento da pesquisa científica das línguas indígenas no Brasil, ocorrido bastante tardiamente em virtude da presença de agentes missionários com apresentação pública acadêmica, como o Summer Institute of Linguistics, a agenda e o aparato teórico para tratar dos idiomas ameríndios permanece em grande parte externa às cosmopolíticas linguísticas das próprias comunidades de falantes. Contudo, nas últimas décadas tem ocorrido o chamado levante linguístico das línguas indígenas, que inclui projetos de retomada e fortalecimento linguístico, a luta pela salvaguarda das línguas em risco de interrupção da transmissão intergeracional e a proposta de renovação epistemológica através de concepções metalinguísticas indígenas como a noção de língua-espírito. A apresentação tem como objetivo discutir o valor heurístico do conceito de língua-espírito que vem atuando como operador ontológico do plano de ação da Década das Línguas Indígenas no Brasil.