Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 050: Entre arte e política: articulações contemporâneas em pesquisas antropológicas
Ballroom em Florianópolis: o que carrega suas corporeidades artivistas na Feitiço Laboratório Ballroom?
A partir de inquietações que nos convida a refletir as relações percebidas no contexto da cultura ballroom, originária do contexto geográfico estadunidense, no bairro do Harlem em Nova Iorque cruzando experiências de pessoas racializadas - pretas e latinas -, LGBTQIAPN+ por meio do gesto de Crystal Labeija - mulher trans preta - ao inaugurar o sistema de casas que sustenta a cultura ballroom ao acolher corpos dissidentes na organização de um espaço que se tornem sujeitas políticas. Logo, campo de notáveis tensionamentos para a compreensão de corpo ao considerar que a cultura ballroom é local de corporeidades artivistas, no sentido que a vida cotidiana das pessoas componentes não se separa da arte do(s) corpo(s)-ballroom, confrontando a questão social de produzir vidas e mortes, ideia que cruzo com a noção de reXistência (GRUNVALD, 2022) na constituição das subjetividades em corporeidades ballroom, mais especificamente em diálogo com o cenário nacional que desponta na região sul do Brasil, enfatizando suas reverberações em Florianópolis.
Com isso, ao notar sua proliferação e fortalecimento nos últimos anos no contexto brasileiro, aponto experiência e memória como aspectos marcantes da arte no contexto citado se encontrando inclusive na vivência da Feitiço Laboratório Ballroom - prática experimental da cultura ballroom sediada no bar Opium para aproximação da cena ballroom de Florianópolis e a comunidade externa da cidade, ou mesmo pessoas nativas da cultura, proporcionando um recorte do que se encontra nas balls - como as categorias competitivas ou não, o chant feito por quem conduz o microfone, as batalhas, ou ainda explanações sobre o objetivo das categorias, as performances, a entrega do grand prize [prêmio da pessoa vencedora], a bancada de júri, entre outras questões que dão suporte às corporeidades em jogo na residência que ocorre mensalmente em parceria da Casa das Feiticeiras, primeira casa do sul do Brasil a qual faço parte, e a coordenação do bar Opium. Assim, como pessoa nativa e pesquisadora artivista, proponho a pensar nossa cultura, nossa cena, não apenas com minha experiência, mas na relação com outras realidades que vivenciam a cena de Florianópolis, dialogando com suas experiências na Feitiço Laboratório Ballroom, refletindo suas presenças na cultura ballroom de Florianópolis e os tensionamentos enquanto cultura afrodiaspórica que desafia a cisheteronormatividade racista por meio de suas corporeidades que se constituem de arte e política.