Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 096: Sexualidade, gênero, raça e territorialidades: articulações, pertencimentos e direitos em disputa
Elaborar presença e ausência: o desaparecimento forçado de pessoas trans na Baixada Fluminense
O presente trabalho é uma reflexão acerca da pesquisa intitulada Mapeamento exploratório sobre
desaparecidos e desaparecimentos forçados em municípios da Baixada Fluminense - Rio de Janeiro, realizada
em 2021. A pesquisa é fruto da parceria entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, através do
grupo de pesquisa Observatório Fluminense, e o Fórum Grita Baixada. Ela traz o mapeamento das diferentes
dinâmicas de se fazer desaparecer pessoas na Baixada Fluminense. Para tanto, valeu-se de diferentes
metodologias: levantamento bibliográfico, análise dos bancos de dados do Disque Denúncia e
do Instituto de Segurança Pública e acompanhamento de páginas do Facebook e de jornais locais. Contou também
com a análise da legislação nacional e internacional e das movimentações de propostas no Congresso Nacional.
A partir do trabalho de campo junto a
mães e familiares de vítimas da violência de Estado. Parte da metodologia desta pesquisa consistiu em
analisar páginas e grupos de Facebook dos territórios da Baixada Fluminense para mapear como se apresenta a
dinâmica da procura das vítimas de desaparecimento forçado. O mapeamento realizado apresentou um vazio
quantitativo: não houve notícia de desaparecimento de pessoas transgêneras1 no recorte temporal realizado
entre 2016-2020. A tabela produzida para a pesquisa foi dividida nas categorias de raça, gênero, idade,
territorialidade e se o corpo foi encontrado ou não após a denúncia. O vazio como dado se apresenta ao se
interseccionar com os dossiês "Assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras" que
demonstra o sudeste como a região que mais mata pessoas trans. Em 2018, o Rio de Janeiro liderou o ranking
de assassinatos com 16 pessoas e a mídia, como mostrou o mesmo dossiê, não respeita o nome social das
vítimas expondo o nome de registro de nascimento e, consequentemente, produz desinformações sobre violências
contra pessoas trans. O direito à existência e ao luto, tem sido categorias e além disso, experiências
materiais que modelam a vida cotidiana de pessoas trans. No ímpeto de construir narrativas
que dê conta do duplo violência <> resistência, intelectuais trans têm construído um quadro narrativo
que fornece pistas sobre vida e morte. Jota Mombaça, Abigail Campos Leal, Viviane Vergueiro, Castiel
Vitorino Brasileiro, constituem um quadro intelectual que
denunciam a morte e exigem a vida das dissidências. A pesquisa propõe refletir sobre dados quantitativos e
qualitativos, produzidos por esferas diferentes das Ciências Sociais, a partir de entrevistas
semi-estruturada com um coletivo de referência no acolhimento às pessoas LGBTQINB+ do território da Baixada
para desobliterar o silêncio produzido pelo cistema colonial-capitalista, seguindo pistas das
intelectualidades trans.
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