Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 034: Casas, cozinhas, quintais e suas agências em coletivos quilombolas, sertanejos, pescadores, indígenas e camponeses
Narrativas do coletivo: os associativismos das guardiãs de sementes da paixão
Por meio deste trabalho busco apresentar as experiências associativas de duas guardiãs de sementes da paixão da Paraíba e, ao mesmo tempo, contribuir para o debate elucidado pela filosofia ecofeminista, que se ancora nas relações e práticas, as quais articulam os espaços de cuidados com as diversas formas de vida. O primeiro associativismo consiste nas reuniões do banco de sementes de Itatuba, onde, além de se reunirem em prol da conservação das sementes, as mulheres se reúnem para produzir remédios e xaropes, sendo uma atividade de grande importância para elas. A segunda experiência associativa se concentra na criação do Clube de Mães, este que fomentou diversas formações para as guardiãs de sementes de Campina Grande, bem como a criação do banco comunitário de sementes da comunidade. Reunir-se para armazenar, selecionar e cultivar as sementes, como nas casas e nos bancos comunitários de sementes crioulas; ou ainda, o trabalho conjunto das associadas para a produção de remédios, artesanatos, reuniões e em outras atividades agrícolas configuram processos de cooperação que incluem humanos, não humanos, casas e coisas. Essas atividades desempenham um papel fundamental na autotransformação, na (re)ocupação e na autonomia política das mulheres rurais. A auto-organização das mulheres emerge de processos de luta organizacional e popular à medida que elas reconhecem a sua presença em todos estes espaços sociais. As experiências selecionadas fazem parte do meu Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado em 2022 na UFF/Campos, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências sociais, intitulado NÃO PLANTO TRANSGÊNICO PARA NÃO APAGAR A MINHA HISTÓRIA!: Narrativas do Particular e os Associativismos das Guardiãs de Sementes da Paixão da Paraíba. Com base no conhecimento das guardiãs, a preservação das sementes crioulas está intrinsecamente ligada a vários aspectos, incluindo as narrativas familiares e locais, que são preservadas por meio da transmissão dos conhecimentos de gerações passadas. Além disso, a conservação das sementes também está relacionada à soberania e autonomia alimentar, ao uso com fins medicinais e à manutenção da diversidade genética.