Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
Corpo-território, corpos dissidentes: repressão e resistências em terras sul-mato-grossenses
Nossa proposta é a de apresentar possíveis relações entre os conceitos de corpo-território e corpos
dissidentes a partir de uma análise do filme Madalena, dirigido por Madiano Marcheti (2021). Na película
ficcional, as histórias de três personagens são afetadas pelo desaparecimento de Madalena, uma mulher trans.
Nossa hipótese é que, longe de ser um mero cenário do filme, a cidade de Dourados (MS), na qual essa
narrativa se desenvolve, oferece as condições materiais e simbólicas para as ações que se desenrolam em
imagem e som.
Corpos trans, viados, travestis, não binários e práticas dissidentes, bem como corpos indígenas em terras
sul mato-grossenses, são executados pelo agro e pela necropolítica estatal sob fundamentações como a
legítima defesa da honra e a legítima defesa da propriedade privada. Ora, os povos kaiowá e guarani nos
ensinam que somos possuídos pela terra, e não a possuímos. Seus corpos, também dissidentes, são seus
territórios, suas terras, seu Tekohá.
Procuramos, assim, expor como o neoliberalismo racista e heterocisnormativo, sobretudo em sua face
neoextrativista, busca destruir sistematicamente corpos dissidentes e corpos-territórios que também se
constroem enquanto resistências e lutas.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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