Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 091: Religiões afro-brasileiras e mobilizações afrorreligiosas: enfoques etnográficos e metodológicos contemporâneos
Em busca da identidade religiosa nos Candomblés: uma experiência de trânsito religioso entre jovens
negros em Salvador-BA
Ser negro no Brasil faz parte das dificuldades que enfrentam a maior parte da juventude negra. Com a
ajuda da pastoral afro dentro da Igreja Católica, os jovens do bairro de Sussuarana em Salvador da Bahia
conseguiram superar essa dificuldade, aceitando e assumindo a sua negritude, ou seja, a sua identidade
negra. No entanto, dentro do próprio espaço religioso surge uma nova dificuldade: ser negro na Igreja. A
descoberta da negritude parecia estar em dicotomia com as normas da Igreja e colocava-se o novo desafio de
saber como a identidade negra poderia ganhar corpo e cor também nesse espaço. Trata-se de incluir os
elementos diacríticos como tranças, turbante, vestimentas, penteados e alguns símbolos da religião de
matrizes africanas como danças, tambor, músicas
Como esse novo jeito de ser e de viver a fé católica
diverge das normas da Igreja, isso gerou conflito e acarretou a saída para outra experiência religiosa: o
Candomblé como lugar perfeito de resgate da identidade negra. A identificação com o afro é realçada, não
permitindo mais que esses jovens aceitem outras identidades e símbolos que não contemplem ou rechacem os
valores africanos. Dalí surge a seguinte pergunta: será que o caminho necessário e inevitável de um jovem
que se reconhece como negro ou negra, necessariamente, termina no candomblé? Essa apresentação, que é fruto
de uma pesquisa de campo durante o mestrado, aborda algumas motivações que levam a juventude negra católica
a adentrarem no Candomblé.
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