ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 035: Cidades e citadinidades: questões de Antropologia Urbana
O agenciamento das identidades pelos sujeitos artistas no corpo da cidade de Belo Horizonte.
Em Michel Agier (2001), vemos o desenvolvimento de uma conceituação do que seria identidade cultural enquanto uma categoria de caráter fundamentalmente construído, processual e situacional fugindo de definições essencializantes acerca da temática que por muito tempo compuseram um paradigma no campo dos estudos em antropologia. Neste sentido, o autor aponta que as cidades globais e suas novas dinâmicas concernentes ao contato interétnico exigiram a superação de dualismos simplistas como identidade-cultura; cultura-lugar que permearam o arcabouço teórico da disciplina. No caso específico da capital Belorizontina, as definições de Agier são acionadas para a compreensão do fenômeno de agenciamento da identidade- cultura realizado pelos sujeitos artistas no corpo da urbe. O projeto Circuito Urbano de Arte (CURA) realizado na cidade desde DATA, conta com uma série de pinturas em empenas cegas, as fachadas sem janelas de edifícios, realizadas por artistas que mobilizam ou agenciam suas identidades enquanto pessoas racializadas de maneira política, ao fazer uma resistência crítica em relação a dominação simbólica exercida pelo grupo dominante. Nesse sentido as identidades se tornam não somente um objeto identitário de reconhecimento, mas também um recurso político e muitas vezes econômico para indivíduos e redes em busca de um lugar para si na modernidade. Nesse sentido, objetivou-se com este estudo buscar o aprofundamento no entendimento desse agenciamento político das identidades por meio da produção artística em Belo Horizonte. Para tanto, a pesquisa em questão, buscou uma metodologia apropriada para tal empreitada, utilizando-se da pesquisa de campo, na modalidade de observação participante, na intenção de analisar o fenômeno na perspectiva dos atores sociais para, assim, compreender os sentidos e os meandros de suas ações de perto e de dentro. Assim, acompanhou-se edições do projeto CURA, realizou-se entrevistas semi-estruturadas com alguns de seus artistas e idealizadores, além de acompanhar as redes sociais utilizadas como meio de divulgação do projeto, bem como dos próprios artistas envolvidos. Durante o referido estudo, constatou-se que essa “cultura-objeto criada a partir desse trabalho minucioso dos agentes, é o que pode ser acionada enquanto elemento de amparo da identidade no contexto urbano. Essas práticas artísticas, que se disseminam pela região central da cidade de Belo Horizonte, são a concretização estética de um contra-fluxo cultural, abrindo espaço na auto-afirmação identitária, possibilitando que esses sujeitos possam construir eles próprios as narrativas em torno de si.