ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 029: Arquivos, coleções e objetos de arte: artefatos e invenções em perspectiva etnográfica
Valorização e preservação dos conhecimentos wauja por meio de um ecomuseu
Os Wauja vivem no Território Indígena do Xingu, estado do Mato Grasso. Esse povo indígena continua praticando seus conhecimentos tradicionais, como músicas, danças, adornos corporais, festas, arquitetura, e a produção de objetos de cultura material para pesca, caça e agricultura. Nas últimas décadas, esse modo de vida tem sido ameaçado pela mudança climática, pela agricultura de veneno dos grandes latifúndios de monoculturas de soja e algodão e pelo desmatamento. O povo Wauja já não vive como antigamente, sua cultura e o modo de viver na comunidade está mudando em consequência das ações dos seres humanos, principalmente dos não indígenas. Além disso, os Wauja perderam uma parte considerável de seu território no alto rio Batovi, onde se encontra o sítio sagrado de Kamukuwaká, um lugar considerado pelos Wauja como repositório de histórias e conhecimentos e antigos e para aprendizado de como ser uma pessoa wauja verdadeira. Por meio do recém-criado Museu Indígena Ulupuwene (MIU), os Wauja realizarão oficinas de produções de objetos, cantos, danças e narrações de histórias. Para ensinar as novas gerações wauja sobre a importância de manter viva a sua cultura. Nesta etapa, o MIU está realizando o diagnóstico-inventário cultural-patrimonial para identificar e documentar as práticas que estão em risco de serem esquecidas pela comunidade, e também as práticas que ainda estão em uso. Mais adiante, o MIU vai contribuir para a preservação dos patrimônios naturais, junto Centro de Monitoramento do Território. O MIU pretende colecionar os objetos que são feitos nas oficinas como documentos do conhecimento. Queremos movimentar e ensinar as crianças e jovens wauja a valorizar os conhecimentos tradicionais e sua língua. O MIU se estabelece como um espaço de trocas de conhecimentos e de memória wauja. Assim, as novas gerações wauja conhecerão sobre a demarcação do território, corrigirão as informações dos objetos que estão no museu das cidades e produzirão seus materiais para utilizarem no quotidiano. Esses conhecimentos serão também divulgados para outros povos, indígenas e não indígenas, através das oficinas do MIU.