ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 054: Etnografia da e na cidade: o viver no contexto urbano em suas formas sensíveis
LEITURAS SOCIOANTROPOLÓGICAS: Manipulações e estratégias da família Marley nas aproximações entre escola e comportamento desviante
Este trabalho nasce do desejo de dois pesquisadores da juventude em situações de conflito dentro de contextos escolares, discutirem as formas diversas em que os jovens tem enfrentado contextos e percursos desfavoráveis a eles e aos seus variados propósitos. Este estudo tem como objetivo central analisar os efeitos produzidos pelos estigmas criados pelos profissionais da educação em relação aos jovens pertencentes à Família Marley, maneira como se autodenominaram, bem como investigar as estratégias adotadas por estes últimos para se manterem inseridos no ambiente escolar em um contexto adverso à essa permanência. A autodenominação Família Marley, foi um tributo ao músico jamaicano, Bob Marley, chamado pelos jovens de Cabuloso e Vida Loka”. A Família Marley, embora formada por mais de 40 indivíduos que foram alunos da escola, estando entre 16 e 18 anos de idade, foi representada nesse estudo por seis participantes, pois, à época da coleta de dados eram os únicos que ainda estudavam na escola investigada, denominada de Chai, termo nativo daqueles jovens que significa situação embaraçosa”. As entrevistas foram feitas em grupo, em vista da temática em pauta ser comum entre eles e por se constituírem numa família, na qual todo mundo cuida de todo mundo, como bem explicou um dos meninos durante as entrevistas semiestruturadas. Durante o trabalho de campo foi perceptível na fala de professores e principalmente do corpo administrativo da escola, o discurso de que, a escola não estereotipa e/ou estigmatiza nenhum estudante. Ao contrário, possibilita e reforça a ideia de valorização da diferença e do respeito à diversidade. O referencial teórico que embasa o presente trabalho encontra-se na sociologia da experiência, do sociólogo François Dubet, na teoria do Estigma de Erving Goffman, na teoria da Rotulagem de Howard Becker e na teoria de Acusação do antropólogo Gilberto Velho. Em termos metodológicos, a referida pesquisa figura-se na perspectiva sócio antropológica, utiliza-se, como instrumento de coleta de dados, a entrevista com grupos de conversação e a observação participante. Utiliza-se também, no que se refere à interpretação dos dados, a análise do discurso. Os resultados decorrentes da coleta e análise dos dados, trouxeram uma infinidade de exposição de contextos, interações e estratégias utilizadas pelos jovens, na tentativa de contrapor os rótulos e estigmas direcionados a eles por parte da escola, que mesmo não se assumindo ou se percebendo como instituição estigmatizadora, atua de forma efetiva nesse sentido na concepção dos jovens estudantes.