Trabalho para Mesa Redonda
MR 41: Mídias e evangélicos no Brasil contemporâneo: novas perspectivas analíticas
Fé, mídias digitais e tensionamentos envolvendo a Igreja Batista da Lagoinha
Esta reflexão analisa, em primeiro lugar, a campanha articulada nas redes sociais, em
junho de 2023, pelo pastor André Valadão, contra a comunidade LGBT+. Recupera-se o
modo como foram provocados sentimentos de ódio, repugnância e desqualificação
das dissidências sexuais e de gênero, a partir da mobilização de noções como guerra
espiritual, pecado, humildade e sacrifício. Evidencia-se ainda críticas feitas à
transexualidade, ao aborto e à educação sexual nas escolas, em nome da defesa da
família, do binarismo de gênero, da heterossexualidade e de um tipo específico de
masculinidade que visa repor a autoridade dos homens. Em segundo lugar, volta-se à
compreensão dos excertos de fala do pastor Lucinho Barreto, relativos à educação
sexual dos filhos, que viralizaram em maio de 2024, suscitando discussões sobre
pedofilia e homofobia. Aposta-se que esses dois exemplos de midiatização da religião
se circunscrevem no acirrado ativismo antigênero empenhado pelos evangélicos,
evidenciando como certa vertente da religião digital resiste à diversidade, dá subsídio
a expressões de abuso e se apropria de categorias presentes em outro campo
ideológico e que compõem uma gramática que está em disputa.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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