Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 088: Processos e histórias transfronteiriças de coletividades em movimento - Os desafios da mobilidade indígena na atualidade..
Entre os caminhos de curar e adoecer: Os Awa Guajá e seu itinerário terapêutico.
Os Awa Guajá, um povo de recente contato, são exímios caçadores da Amazônia Maranhense. Desde a década
de 80, eles passaram por mudanças drásticas em seu estilo de vida. Nesse período, foram transferidos do
interior da floresta para uma área mais próxima dos povoados não indígenas do entorno da Terra Indígena
Caru, que é seu território homologado e compartilhado com o povo Guajajara e grupos isolados. Segundo os
Awa, a partir do processo de aldeamento onde hoje localizam-se as aldeias Awá e Tiracambu - passaram a
viver de forma mais aglomerada, diferente de sua própria organização espacial no interior da floresta, onde
viviam mais dispersos em grupos familiares pequenos. Nessa transição, da vida em floresta para a vida em
aldeia, começaram a se acostumar com a comida dos Karaí (não indígenas), tal como carne de gado, frango,
arroz, feijão, sal, açúcar, café e farinha; a morar em casas de pau a pique e a ter contatos cada vez mais
frequentes com os não indígenas. Com as mudanças em seu estilo de vida, as doenças se proliferaram, e com
isso, surgiu a necessidade de atravessar da aldeia à cidade para o atendimento hospitalar. Este trabalho
apresenta os principais resultados das discussões realizadas com os Awa Guajá, entre 2018 e 2023, sobre
processos de cura e adoecimento com relação entre três mundos distintos: floresta-aldeia-cidade,
compreendendo aqui a floresta como o mundo Awa, a cidade como o mundo dos não indígenas e a aldeia como um
espaço de fronteira.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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