ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 104: Visualidades Indígenas
Imagens Indígenas. Fotografia e sua instabilidade.
Em um artigo sobre a instabilidade das imagens, Maurício Lissovsky (2009) argumenta que os arquivos deveriam ser pensados a partir de cinco dimensões que caracterizam suas propriedades dinâmicas. As quatro primeiras estão relacionadas com sua história e dinâmica institucional, e a quinta ele chamou de poética. Procuro, com este texto, ativar as propriedades dinâmicas das imagens do arquivo fotográfico do antropólogo mexicano Julio de la Fuente e, por meio de um olhar atento, buscar as tramas em que essas fotografias podem se envolver quando não estamos olhando para elas, a partir das memórias e sensações provocadas por outro trabalho fotográfico, este realizado pela fotógrafa indígena yalalteca Citlali Fabián. O que teriam a dizer esses dois conjuntos de imagens convidadas a um diálogo entre si? Essa pergunta busca criar novas perspectivas frente a pesquisa inicial (Petroni, 2008) que privilegiou um olhar sobre as fotografias de Julio de la Fuente como um artefato cultural de representação, onde seus aspectos icônicos me remeteram a uma reflexão sobre seu referente. Trata-se, agora, de compreender as imagens como produtos de relações, entre pessoas, entre imagens e entre ambos. Assim busco uma antropologia da imagem vivente, na qual o rearranjo das fotografias feitas de Yalálag e dos yalaltecas me possibilite evidenciar relações possíveis sem perder de vista a memória das imagens. Trata-se aqui de olhar para essas fotografias não apenas como campos de memória, como arquivos vivos e lugares de desejo, mas ainda, como um terreno de questões, de questionamentos (Samain, 2014, p.52) sobre como observamos aos povos indígenas. São as constelações de imagens de Yalálag e dos zapotecos que podem abrir novos caminhos de pensamento. As relações colocadas em evidência devem potencializar o que está à margem, o rastro e seus indícios independemente da possibilidade de se inventariar, classificar, criar organizações definitivas, catálogos exaustivos para repertórios que resistem a serem submetidos a esses processos (Cunha, 2016, p.249).