Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 028: Antropologias e Deficiência: etnografias disruptivas e perspectivas analíticas contemporâneas
"O olho que a Michelle Bolsonaro colocou no bolso": reflexões sobre visão monocular e espetacularização da deficiência visual no Brasil
O trabalho objetiva efetuar um conjunto de reflexões sobre deficiência visual no Brasil, entre 2019 e 2023. O recorte temporal coincide com a polêmica suscitada pelo Projeto de Lei 1615/2019 a respeito do reconhecimento da visão monocular como deficiência visual e a promulgação da Lei nº 14.126 e do Decreto Lei nº 10.654, de 22 de março de 2021, que a instituem como tal. O período coincide com a investigação sobre percepção visual que realizei no mesmo período. A escrita deste texto coloca em diálogo a autoetnografia e a autobiografia. A autora é deficiente visual com nistagmo e visão monocular e pretende explorar, ao longo do artigo, o embate entre as políticas públicas cristalizadas na legislação e na perícia biopsicossocial e as subjetividades envolvidas nos processos de reconhecimento e de aceitação da deficiência, bem como estigmas que encerra. A utilização dos polêmicos vídeos de Michele Bolsonaro e Amália Barros têm por objetivo analisar posturas populistas e demagógicas no tocante à deficiência no Brasil e sua espetacularização como estratégia política. Objetiva igualmente dialogar com a autobiografia de Amália Barros o livro Se enxerga - como contraponto para analisar o cenário do reconhecimento da visão monocular como deficiência visual no Brasil.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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