Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 028: Antropologias e Deficiência: etnografias disruptivas e perspectivas analíticas contemporâneas
O que gestualidades e visualidades ensinam: reflexões sobre uma etnografia em ambientes educacionais bilíngues com surdos
O que a antropologia aprende ao analisar gestualidades e visualidades que se desenvolvem entre pessoas surdas e com pessoas falantes de uma modalidade gestual-visual de comunicação, normatizada sob a forma da Língua Brasileira de Sinais (Libras)?
Este trabalho propõe uma imersão em ambientes educacionais caracterizados pela gestualidade e visualidade vinculada à surdez e busca explicitar, então, reflexões decorrentes dos esquemas de percepção acerca das corporeidades descritas, tanto minhas quanto dos/das minhas interlocutoras. Ao longo de uma pesquisa nossos esquemas de percepção não são sempre os mesmos. Posicionados e localizados, eles são potencial conhecimento, assim como os aprendizados corporais nossos e dos nossos interlocutores são capazes de acessar perspectivas acerca do humano, das suas potencialidades de sentido e de comunicação.
Para melhor situar o lugar de onde analiso, cabe dizer que ao longo da minha trajetória acadêmica e de pesquisa com surdos usuários de Libras, entre os períodos de iniciação científica, mestrado e doutorado, obtive experiências como professora em escolas especificamente de atendimento a pessoas surdas e obtive experiências também com pessoas não-surdas que se propuseram a aprender a Libras, enquanto eu ia aprendendo a Libras e em momentos mais recentes também ensinando essa língua, além de que ia lidando mais amplamente com a visualidade e a gestualidade que caracteriza o universo da surdez de variadas formas. Depois de passar por algumas instituições e por essas experiências, percebo a gestualidade e visualidade que pesquiso como algo mais naturalizado no meu corpo e procuro questionar que possibilidades reflexivas se extraem daí. Assim, a presente proposta tem, sobretudo, enfoque metodológico e procura dialogar com questões epistêmicas que têm sido desenvolvidas no campo de estudo da deficiência, as quais considero enriquecedoras para o conhecimento antropológico.
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