ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
Interseccionalidades em perspectiva: gênero e raça em escola pública periférica
Beatriz Giugliani (UFBA)
O objetivo dessa comunicação é um recorte de Tese que tratou sobre o abandono de jovens homens negros estudantes do Ensino Médio em escola pública na cidade de São Félix (BA). Esse território é dado como um bom exemplo por conta da demografia racial e pela tradição de estudos sobre o negro. Essa tese dispôs de uma abordagem teórico metodológica para: 1) examinar as discriminações e opressões invisibilizadas pelo uso em separados de categorias de raça e gênero; 2) instigar o aspecto interseccional; 3) ampliar a difusão dessa perspectiva e, evidentemente; 4) escrutinar a posição que ocupam na intersecção de vetores de opressão. Pensar o sujeito negro nessa espacialidade, nessa etapa de ensino - com jovens rapazes negros e nesse território, levou-nos a analisar e refletir com os próprios atores - através de metodologias específicas como os Grupos Focais e outros, as práticas de poder vividas e os efeitos do enraizamento do racismo no inconsciente coletivo e suas formas particulares, requisitando sua inter-relação na re-produção das desigualdades sociais. Buscou-se refletir sobre masculinidades negras, relações de poder e contexto escolar a partir da interseccionalidade caracterizada pela interdependência e a articulação entre categorias e práticas, indo além do simples reconhecimento da multiplicidade dos sistemas de opressão. Buscamos, ainda, indicar algumas formas possíveis de interpretar as desigualdades raciais e de gênero, a posição de sujeito frente o desafio escolar e para além dele, de acordo com as suas interações cotidianas de resistência ou negociação. Uma vez reconhecido que são os meninos negros provenientes de camadas pobres da população as principais vítimas do fracasso escolar, a discussão da construção das masculinidades racializadas e a relação que eles estabelecem com o processo de escolarização importam. Ou: de que maneira o racismo, as relações de poder e a discriminação racial estão presentes e/ou acontecem na escola? Quisemos também compreender os modos de subjetivação como uma construção de novos processos numa visão política e cultural que produzem o corpo, sua submissão e fragmentação em contextos de colonialidade de poder. Esses Grupos Focais e Rodas de Conversa versaram sobre as inter-relações entre meninos e meninas; trabalho; projeto de vida; igualdade de oportunidades, ser homem, ser mulher, violência e violência simbólica, desempenho escolar entre meninos e meninas; desigualdade racial. Por fim, elegemos alguns recortes dialógicos entre nossos interlocutores no sentido estrito para demonstrar de que maneira os efeitos da colonialidade pesam sobre os corpos racializados, gerando um poder autorizado, assim como, masculinidades que serão aceitas ou exterminadas.