Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
Interseccionalidades em perspectiva: gênero e raça em escola pública periférica
Beatriz Giugliani (UFBA)
O objetivo dessa comunicação é um recorte de Tese que tratou sobre o abandono de jovens homens negros
estudantes do Ensino Médio em escola pública na cidade de São Félix (BA). Esse território é dado como um bom
exemplo por conta da demografia racial e pela tradição de estudos sobre o negro. Essa tese dispôs de uma
abordagem teórico metodológica para: 1) examinar as discriminações e opressões invisibilizadas pelo uso em
separados de categorias de raça e gênero; 2) instigar o aspecto interseccional; 3) ampliar a difusão dessa
perspectiva e, evidentemente; 4) escrutinar a posição que ocupam na intersecção de vetores de opressão.
Pensar o sujeito negro nessa espacialidade, nessa etapa de ensino - com jovens rapazes negros e nesse
território, levou-nos a analisar e refletir com os próprios atores - através de metodologias específicas
como os Grupos Focais e outros, as práticas de poder vividas e os efeitos do enraizamento do racismo no
inconsciente coletivo e suas formas particulares, requisitando sua inter-relação na re-produção das
desigualdades sociais. Buscou-se refletir sobre masculinidades negras, relações de poder e contexto escolar
a partir da interseccionalidade caracterizada pela interdependência e a articulação entre categorias e
práticas, indo além do simples reconhecimento da multiplicidade dos sistemas de opressão. Buscamos, ainda,
indicar algumas formas possíveis de interpretar as desigualdades raciais e de gênero, a posição de sujeito
frente o desafio escolar e para além dele, de acordo com as suas interações cotidianas de resistência ou
negociação. Uma vez reconhecido que são os meninos negros provenientes de camadas pobres da população as
principais vítimas do fracasso escolar, a discussão da construção das masculinidades racializadas e a
relação que eles estabelecem com o processo de escolarização importam. Ou: de que maneira o racismo, as
relações de poder e a discriminação racial estão presentes e/ou acontecem na escola? Quisemos também
compreender os modos de subjetivação como uma construção de novos processos numa visão política e cultural
que produzem o corpo, sua submissão e fragmentação em contextos de colonialidade de poder. Esses Grupos
Focais e Rodas de Conversa versaram sobre as inter-relações entre meninos e meninas; trabalho; projeto de
vida; igualdade de oportunidades, ser homem, ser mulher, violência e violência simbólica, desempenho escolar
entre meninos e meninas; desigualdade racial. Por fim, elegemos alguns recortes dialógicos entre nossos
interlocutores no sentido estrito para demonstrar de que maneira os efeitos da colonialidade pesam sobre os
corpos racializados, gerando um poder autorizado, assim como, masculinidades que serão aceitas ou
exterminadas.
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