Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 015: Antropologia digital: experiências, transformações, desafios e dilemas
Explanação, zoação, queimação de filme...usos das redes sociais para produção de intimidação sistemática, preconceitos e afastamentos sociais no âmbito das relações juvenis
Este trabalho é fruto da pesquisa #Oquerolanaescola realizada no curso de Ciências Sociais da UFRRJ, nesse artigo buscamos discutir a relação entre juventudes, espaço escolar, usos das redes sociais e os conflitos gerados a partir desse encontro. A escola é uma instituição socialmente referenciada e importante para a formação de sujeitos, mas na contemporaneidade é experimentada pelos atores através de interações presenciais e virtuais. A internet, seus inúmeros aplicativos e modos de uso, é considerada um meio produtor de símbolos e significados; no espaço escolar é utilizada na sociabilidade, aprendizado como também para produção de ofensas, notícias falsas e acusações, gerando desentendimentos, conflitos, violências, sofrimento físico e emocional diversos, mas que são usualmente classificados como Cyberbullying. Nesse sentido, a pesquisa busca através de relatos de alunos/as e analise de postagens em redes sociais compreender o que é usualmente categorizado como Cyberbullying; e, através dessas plataformas analisar o uso das tecnologias digitais na produção de subjetividades, narrativas, interpretações e acusações dos jovens sobre si mesmos e sobre os outros. A metodologia para esta pesquisa consiste em trabalho de campo em escolas públicas de ensino médio em Seropédica, entrevistas com alunas/os e análises das páginas de “Explana produzidas por alunos das escolas. Dentre os relatos e casos identificados nas redes sociais chama atenção a produção/reprodução de preconceitos e intimidações entrelaçados aos marcadores sociais de raça, classe, gênero, local de moradia, entre outros. Nesse sentido, a propagação de memes, imagens, noticias falsas, fofocas nas redes sociais, nos perfis de “explana”, e nos aplicativos de conversa como Whatsapp produzem impactos nas sociabilidades e subjetividades juvenis, alterando inclusive a dinâmica do ambiente escolar e o comportamento de alguns alunos/as. Nos casos observados mais diretamente a escola não produziu um espaço de diálogo, aprendizado e administração dos conflitos; os mesmos são abafados ou punidos. A pesquisa aponta para a necessidade de uma discussão mais cuidadosa sobre os usos das redes sociais e aplicativos de conversa no âmbito da socialização juvenil, além da importância do letramento digital ético e não violento; ao mesmo tempo que destaca a abordagem etnográfica como um meio de valorizar e visibilizar as experiências juvenis no contexto escolar. Importa considerar que a juventude passa grande parte da sua vida no ambiente escolar e considera o meio virtual como um território vivo e ativo em suas vidas; celulares, redes sociais são artefatos tecnológicos que constituem modos de ser, estar e compartilhar suas experiencias vividas bem como suas formas de “zoar e “explanar seus colegas.