ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 015: Antropologia digital: experiências, transformações, desafios e dilemas
Explanação, zoação, queimação de filme...usos das redes sociais para produção de intimidação sistemática, preconceitos e afastamentos sociais no âmbito das relações juvenis
Lucas Ribeiro da Silva (UFRRJ), Nalayne Mendonça Pinto (UFRRJ), Mariana Silva de Andrade (UFRRJ), Cristian de Oliveira Reis (UFRRJ), Gabriela Rodrigues de Oliveira (UFRRJ)
Este trabalho é fruto da pesquisa #Oquerolanaescola realizada no curso de Ciências Sociais da UFRRJ, nesse artigo buscamos discutir a relação entre juventudes, espaço escolar, usos das redes sociais e os conflitos gerados a partir desse encontro. A escola é uma instituição socialmente referenciada e importante para a formação de sujeitos, mas na contemporaneidade é experimentada pelos atores através de interações presenciais e virtuais. A internet, seus inúmeros aplicativos e modos de uso, é considerada um meio produtor de símbolos e significados; no espaço escolar é utilizada na sociabilidade, aprendizado como também para produção de ofensas, notícias falsas e acusações, gerando desentendimentos, conflitos, violências, sofrimento físico e emocional diversos, mas que são usualmente classificados como Cyberbullying. Nesse sentido, a pesquisa busca através de relatos de alunos/as e analise de postagens em redes sociais compreender o que é usualmente categorizado como Cyberbullying; e, através dessas plataformas analisar o uso das tecnologias digitais na produção de subjetividades, narrativas, interpretações e acusações dos jovens sobre si mesmos e sobre os outros. A metodologia para esta pesquisa consiste em trabalho de campo em escolas públicas de ensino médio em Seropédica, entrevistas com alunas/os e análises das páginas de “Explana produzidas por alunos das escolas. Dentre os relatos e casos identificados nas redes sociais chama atenção a produção/reprodução de preconceitos e intimidações entrelaçados aos marcadores sociais de raça, classe, gênero, local de moradia, entre outros. Nesse sentido, a propagação de memes, imagens, noticias falsas, fofocas nas redes sociais, nos perfis de “explana”, e nos aplicativos de conversa como Whatsapp produzem impactos nas sociabilidades e subjetividades juvenis, alterando inclusive a dinâmica do ambiente escolar e o comportamento de alguns alunos/as. Nos casos observados mais diretamente a escola não produziu um espaço de diálogo, aprendizado e administração dos conflitos; os mesmos são abafados ou punidos. A pesquisa aponta para a necessidade de uma discussão mais cuidadosa sobre os usos das redes sociais e aplicativos de conversa no âmbito da socialização juvenil, além da importância do letramento digital ético e não violento; ao mesmo tempo que destaca a abordagem etnográfica como um meio de valorizar e visibilizar as experiências juvenis no contexto escolar. Importa considerar que a juventude passa grande parte da sua vida no ambiente escolar e considera o meio virtual como um território vivo e ativo em suas vidas; celulares, redes sociais são artefatos tecnológicos que constituem modos de ser, estar e compartilhar suas experiencias vividas bem como suas formas de “zoar e “explanar seus colegas.