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Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 079: O visível e o in(di)visível: ciências, conhecimentos e produções de mundos.
A ação a distância e o invisível: entre o éter e as ondas gravitacionais
O convite para "colocar os pés na lama" durante uma apresentação sobre meu projeto de pesquisa desafiou minha abordagem em relação às ondas gravitacionais, especialmente após uma discussão sobre a metáfora da "onda de lama" em um trabalho da minha orientadora. Essa comparação destacou a necessidade de uma postura etnográfica na pesquisa. Ao explorar o Programa de Pós-Graduação em Astrofísica, Cosmologia e Gravitação (PPGCosmos) na UFES, percebi a presença das ondas gravitacionais em várias atividades, incluindo publicações, cursos e eventos como o Inverno Astrofísico. Destaco neste trabalho a percepção etnográfica da participação das Ondas Gravitacionais como fenômeno/metáfora na solução de um problema que remete a física newtoniana chamado de ação a distância. Os artigos reunidos no Cadernos de Astronomia publicados pelo PPGComos abordam a detecção das ondas gravitacionais e sua contextualização histórica, destacando uma narrativa intrigante sobre o experimento do interferômetro de Michelson. Originalmente, esse experimento, desenvolvido no século XIX por Michelson e Morley, visava confirmar a existência de um éter como meio de propagação da luz, mas contrariou essa hipótese. O aparato, baseado na sobreposição de feixes de luz, não mostrou diferença de fase esperada se o éter estivesse presente. Isso desafiou a visão de que a luz necessitava de um meio físico para se propagar. Apesar de inicialmente visto como um fracasso, esse experimento tornou-se revolucionário, servindo de base para a teoria da relatividade restrita de Einstein e estabelecendo um princípio análogo ao utilizado na detecção de ondas gravitacionais, abrindo espaço para explicações mais complexas sobre a ação a distância de interações fundamentais como a eletromagnética e principalmente a gravitacional.