ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 044: Dialéticas da plantations e da contraplantation: expropriação, recusa e fuga
Produzindo uma louvação a São Benedito: dissonâncias de escala, rotas de fuga e tecnologias de um tambor de crioula
Existe um grupo de capoeira, samba e tambor de crioula que performa há mais de quinze anos na cidade de São Paulo. Eles realizam grande parte de suas atividades na zona oeste da cidade de São Paulo, com capilarizações no Centro. O Tambor da Hora Grande é realizado há 13 anos, pelo mesmo grupo, todos os anos, na sexta-feira de carnaval, após a passagem do Bloco Ilu Oba de Min pelo Largo do Paysandu. O mestre e seus discípulos já realizaram atividades em muitas instituições de arte, cultura e educação do Brasil e do mundo levando a cultura da capuera, do samba e do tambor como forma de mediação e acolhimento. O fogo, a cachaça, São Benedito, tambores, pungas, chamados, convocações, evocações, provocações e transe são elementos presentes nas rodas do grupo, que imprimem ao cotidiano da cidade, maior centro urbano da América Latina, temporalidades e fruições diversas. O desafio do grupo muda de escala quando se considera sua inserção em instituições de arte e cultura que trabalham profissionalizando o campo, burocratizando contratações, trazendo dispositivos legais e constrangimentos outros que versam sobre as práticas tradicionais do grupo que, ao se adequar, cria e recria a partir das recusas e interditos. O que aponta uma aniquilação da diferença a própria plantation no cenário artístico e cultural também é a apropriação, pelas saídas criativas e insurgentes do grupo, do próprio enredo, este que também sobrevem de territórios distantes, que transplantam na cidade de São Paulo as recusas ao esvaziamento e à vida animalizada.