Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 090: Religiões afro-ameríndias entre Norte e Nordeste do Brasil: territórios, trânsitos e práticas
AS ROTAS DO CANDOMBLÉ JUAZEIRENSE: territórios, memórias e mães de santo
O presente trabalho investiga as rotas de constituição do candomblé em Juazeiro do Norte (CE) através
das memórias e trajetórias das mães de santo, a partir da articulação das categorias de memória e oralidade.
Segundo a literatura disponível, as primeiras casas de candomblé em Juazeiro do Norte datam da década 1970.
Nosso estudo se insere no processo de reexame da história do candomblé no Ceará, já que, segundo alguns
historiadores, a chegada desta religião ao Ceará dataria de 1965, com o estabelecimento da primeira casa de
candomblé, sendo de origem bantu, chamada Viva Deus do Calunga, em Fortaleza. Durante muito tempo este foi
considerado o primeiro terreiro de candomblé do Ceará. Essa pesquisa utiliza a metodologia da história oral
combinada a interdisciplinaridade através da técnica da entrevista, sendo o principal recurso de condução
dessa investigação. As mães de santo de candomblé são nossas fontes principais, pois acompanham o
estabelecimento dos primeiros terreiros na cidade, assim como a estruturação e expansão dessa
afrorreligiosidade nas terras caririenses. Assim, compreendemos a oralidade como um elemento estruturante
das religiões afro-brasileiras e fundamental para perscrutar as rotas que possibilitaram o surgimento do
candomblé no interior do Ceará, sendo a memória, elemento fundamental nessa investigação. Nesse sentido,
apontamos para um trânsito e uma origem distinta em relação ao surgimento do candomblé em Fortaleza e em
Juazeiro do Norte, ainda que estejam situados próximos temporalmente e partilhem aspectos em comuns como a
origem bantu das casas de Asé em ambos os territórios.
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