ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 096: Sexualidade, gênero, raça e territorialidades: articulações, pertencimentos e direitos em disputa
Qual o gênero do seu mijo? Uma reflexão sobre a luta por políticas de afirmação de gêneros dissidentes na utilização de banheiros públicos dentro da UFPB
O ambiente universitário, assim como outras instituições sociais nas quais estamos inserides, é também um espaço de disputas: sejam teóricas, narrativas, e/ou políticas. Quando analisamos a forma como uma corpa trans/travesti vivencia sua existência e permanência dentro destas instituições, percebemos o quão primárias ainda precisam ser as discussões para que lhes sejam assegurados os direitos mais básicos, tais como a utilização de banheiros de acordo com sua identidade de gênero autodeclarada. Paul Preciado (2019), propõe uma reflexão de como a cisgeneridade, a máquina-capital-heterossexual”, não deixa nada escapar em vão; transformando os banheiros públicos, para muito além de locais de simples despejo de dejetos, em espaços arquitetônicos que cumprem um papel de reafirmação e reprodução do gênero. Jota Mombaça (2015) destaca o quanto o espaço acadêmico é um espaço de violências e de geração de conteúdos dominantes, produzindo certas vozes como ausentes em regimes de verdade dentro dos quais não há possibilidade de conhecimento, fala e, muito menos ação. Diante de tais questões, intenta-se realizar uma contextualização histórica e teórica sobre as violências sofridas na utilização de banheiros por parte da população trans/travesti da UFPB, bem como, a luta empreendida nos anos de 2022 e 2023 pelo projeto de extensão Cine Trava (PROBEX/UFPB), em conjunto com outros coletivos, que resultou na minuta que aprovou em dezembro de 2023: a utilização de banheiros e demais espaços segregados por gênero, por estudantes, servidores e visitantes da UFPB de acordo com a identidade de gênero dos mesmos, independentemente do registro civil. Tal medida foi um marco na luta pelos direitos da comunidade trans/travesti dentro da UFPB, sendo resultado de um longo diálogo e força coletiva destas corpas dissidentes.