Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 068: Liderança: estilos, modos, formas, problemas e exemplos entre camponeses, quilombolas e povos tradicionais
LIDERANÇAS QUILOMBOLAS E AS REDES DO COTIDIANO: coaptação e mediação política em Alagoas.
O presente trabalho, propõe uma investigação dos processos políticos de lideranças quilombolas em
Alagoas. Por meio de uma abordagem processualista, esta pesquisa em andamento toma à atenção a relação do
estado e seus atores políticos em diálogo com as lideranças representativas do movimento quilombola
alagoano.
Por meio de uma leitura em rede, o trabalho é construído a partir da uma vivência enquanto quilombola, junto
de outras lideranças quilombolas organizadas em coordenações estaduais, aliados externos da fronteira
étnica, buscando direitos e apoios políticos em relação as instituições do estado Alagoas e atores
políticos, na busca por direitos e políticas públicas. Dentro do contexto de pesquisa, estou posicionado de
modo que o processo etnográfico, que se constitui de uma atuação em engajamento com o pertencimento ao
movimento quilombola (enquanto quilombola de Cajá dos negros) e uma atuação técnico/política na estrutura do
estado (por meio de uma acessória técnica na Secretária Estadual da Primeira Infância). Assim, por meio de
uma observação participante com foco nas lideranças suas relações com o estado e internamente ao movimento,
busco problematizar o que é ser liderança quilombola em Alagoas, nos aspectos das mediações, cooptação e
relações políticas, em meio às dinâmicas da representação, associativismo e projetos políticos.
Partindo de Fredrik Barth e suas observações sobre a etnicidade, em especial sobre agentes políticos,
focando nos processos e formas contextuais de fazer política, ao abordar a complexidade das relações entre
etnicidade, agentes políticos e conflitos étnicos, dando atenção a manipulação de identidades étnicas por
meio de líderes políticos. Um dos principais pontos são as estratégias emergentes deste campo e os efeitos
na etnicidade na atuação de líderes de médio escalão.
Em Alagoas, segundo os dados da Fundação Cultural Palmeares são certificadas 74 comunidades, nota-se neste
cenário a presença de associações quilombolas de níveis comunitários, e duas Coordenações quilombolas de
representação estadual: GANGAZUMBA - Coordenação Estadual de Lideranças Quilombolas de Alagoas e As DANDARAS
- Coordenação Feminina de Lideranças Quilombolas de Alagoas. Com essa atuação paralela, a rivalidade junto
de uma dinâmica de construção de legitimidade ambas entram em embate, esse contexto não se distância da
política regionalizada que tem posicionamentos que geram afastamentos e aproximações, apoios ou oposições
políticas na dinâmica de interação dos diferentes projetos políticos. A questão de gênero é latente ao
contexto político analisado, num cenário de forças políticas externas a fronteira da etnicidade, no processo
de criação e manutenção de relações políticas na estrutura do estado, se inserindo ou buscando aliados.