Trabalho para Mesa Redonda
MR 08: A Pós-Graduação em questão: os desafios da formação em Antropologia diante das demandas contemporâneas
Saber Tradicional e Conhecimento Científico: os embates na produção de conhecimento na pós-graduação
O final do século XX é marcado por intensas mobilizações políticas articuladas com o advento das
categorias de autodefinição, quanto com a emergência de formas político-organizativas específicas. É
possível afirmar que se presencia um momento histórico caracterizado por novas formas de mobilização, de
reivindicação, onde os agentes sociais, por meio dessas práticas mobilizatórias demonstram conhecimento de
seus direitos constitucionais e questionam sobre suas relações com a política. Tomam para si a autoridade de
falarem em seu próprio nome e de tornar esse discurso legítimo, não se configurando como simples
espectadores, mas como agentes de transformação. Nesse sentido, as formas de representação de agentes
sociais organizados em torno de uma identidade coletiva deslocam-se para outras instâncias de representação,
saindo da esfera dos sindicatos e partidos de esquerda, ao trazer em suas pautas de reivindicação elementos
de identidade. Os espaços acadêmicos e universitários, a partir de políticas de cotas e/ou ações
afirmativas, vem democratizando o ingresso de agentes sociais, o que tem fomentado um debate sobre autonomia
e hierarquia do saber científico, resultado de tensões provocadas por diferentes saberes na estrutura do
campus científico. Esse debate tem levado redefinições nas formas de ingressos nas pós-graduações, mas não
são acompanhados na mesma proporção no reconhecimento dos diferentes tipos de saberes como saber científico.
Assim, ao mesmo tempo que reconhece o modo de vida e o saber tradicional dos candidatos à pós-graduação, a
produção intelectual exigida ao longo do curso têm destoado dessa representação, pois ao mesmo tempo que
reconhece as especificidades, também desconhece, ao impor um padrão de conhecimento e produção intelectual
que deslegitima o saber tradicional. Essa situação tem sido desafiadora para os programas de pós-graduação,
que também está submetido à hierarquia do campus científico, devendo cumprir com os padrões estabelecidos
através de métricas. O programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia da
Universidade Estadual do Maranhão não está isento dessa discussão e vem criando ações, desde sua criação, em
2013, para amenizar essas tensões.
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