Trabalho para RC - Roda de Conversa
SE 17: Mudanças climáticas e desigualdade ambiental no Brasil
As diferentes experiências e temporalidades de um desastre em um lugar de recorrentes chuvas e de seus acionamentos políticos
A presente comunicação visa apresentar parte do universo de uma pesquisa empreendida a partir da experiência de atingida pelo desastre ligado às chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, ocorrido em janeiro de 2011. Tomando como ponto de partida um dos elementos da produção dessa pesquisa - no caso a etnografia da experiência busco relacionar às experiências de afetada a uma percepção das desigualdades presentes em Nova Friburgo, em relação à resposta do Poder Público às demandas e reivindicações de grupos dessa cidade. Reviver tantas vezes essa experiência não esgotou a análise do desastre, pelo contrário, manteve uma busca por mais referências, em diálogo com vários olhares e vivências, a ponto de problematizar diversos contextos de chuvas e situações de desastres de diferentes épocas em Friburgo. Com isso, a pesquisa pôde analisar, além da construção dos riscos e de uma territorialização propícia a desastres, a constituição estatal e das relações políticas locais atreladas também aos fenômenos periódicos de chuvas e aos seus acionamentos simbólicos. A partir da reconstituição dos desastres de 1979 e 2011 e dos usos e sentidos em torno destes eventos críticos, foi possível refletir sobre desastres enquanto oportunidades expressas em políticas rituais oficiais na cidade, operadas pelos chamados governos das chuvas. Essas políticas oficiais produzem diferentes respostas que, por sua vez, levam a diversas temporalidades de um desastre.
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