Coordenação:
Deborah Bronz (UFF)
Raquel Oliveira Santos Teixeira (UFMG)
Sessão 1 - A questão climática no Brasil
Participante(s):
Henri Acselrad (Professor colaborador UFRJ)
Sineia Wapichana (Coiab - Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC))
Sessão 2 - Governança ambiental: políticas públicas, convenções e mercados
Participante(s):
Aurélio Vianna Junior (The Tenure Facility)
Caio Pompeia Ribeiro Neto (UFV)
Victor Marchezini (Cemaden)
Debatedor(a):
Antonio Carlos de Souza Lima (UFRJ)
Sessão 3 - Roda de conversa sobre justiça climática e desigualdade ambiental
Participante(s):
Maria Suellen Timoteo Correa (SEEDUC RJ)
Rosenilda Botelho Gomes (SEMEC)
Simone Maria da Silva (professora)
Debatedor(a):
Raquel Maria Rigotto (UFMA)
Resumo:
A crise do clima integra as agendas de governos, instituições e as pautas de movimentos sociais, tornando-se tema central de políticas em todo o mundo. Frequentemente associada a fenômenos de ampla escala planetária ou geológica, a busca por soluções para este problema tem levado os especialistas a transcenderem as fronteiras entre análises científicas, perspectivas críticas aos modelos de desenvolvimento vigentes e a difusão de princípios morais, ideológicos ou existenciais. As mudanças climáticas são amplamente enquadradas sob as perspectivas da modernização ecológica e da gestão humanitária de desastres e conflitos, as quais frequentemente negligenciam os processos históricos que expõem certos grupos sociais a maiores riscos e condições de vulnerabilidade socioambiental. A Antropologia, em diálogo com outros saberes, fornece uma grande contribuição ao debate, ao promover aproximações entre análises multiescalares e multissituadas, e caracterizar densamente práticas e discursos relacionados à questão pública climática. Este simpósio especial reúne pesquisadores e especialistas para refletir sobre esse cenário e os arranjos de governança ambiental destinados a enfrentá-lo no contexto brasileiro. O tema da justiça climática também será tratado a partir da perspectiva de movimentos sociais, pessoas afetadas por desastres e conflitos socioambientais, além de representantes de organizações voltadas à redução das desigualdades ambientais no país.
Trabalho para RC - Roda de Conversa
Maria Suellen Timoteo Correa (SEEDUC RJ)
Resumo: A presente comunicação visa apresentar parte do universo de uma pesquisa empreendida a partir da experiência de atingida pelo desastre ligado às chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, ocorrido em janeiro de 2011. Tomando como ponto de partida um dos elementos da produção dessa pesquisa - no caso a etnografia da experiência busco relacionar às experiências de afetada a uma percepção das desigualdades presentes em Nova Friburgo, em relação à resposta do Poder Público às demandas e reivindicações de grupos dessa cidade. Reviver tantas vezes essa experiência não esgotou a análise do desastre, pelo contrário, manteve uma busca por mais referências, em diálogo com vários olhares e vivências, a ponto de problematizar diversos contextos de chuvas e situações de desastres de diferentes épocas em Friburgo. Com isso, a pesquisa pôde analisar, além da construção dos riscos e de uma territorialização propícia a desastres, a constituição estatal e das relações políticas locais atreladas também aos fenômenos periódicos de chuvas e aos seus acionamentos simbólicos. A partir da reconstituição dos desastres de 1979 e 2011 e dos usos e sentidos em torno destes eventos críticos, foi possível refletir sobre desastres enquanto oportunidades expressas em políticas rituais oficiais na cidade, operadas pelos chamados governos das chuvas. Essas políticas oficiais produzem diferentes respostas que, por sua vez, levam a diversas temporalidades de um desastre.
Trabalho para RC - Roda de Conversa
Rosenilda Botelho Gomes (SEMEC)
Resumo: Após a COP 26, as comunidades quilombolas das Ilhas de Abaetetuba no nordeste paraense, recebem a proposta do projeto de Mercado de Carbono Voluntário. A natureza do projeto é de uma empresa que se identifica no território como a única startup crowdfunding, aptas para o enfrentamento às mudanças climáticas e diminuição da pobreza na Amazônia. São empresas que buscam adquirir créditos de carbono por meio da realização de projetos socioambientais como medida mitigadora de danos. Dessa forma, a proposta é compensar financeiramente os quilombolas, que em contrapartida, devem manter a floresta em pé, ou seja, não queimar e nem derrubar por um tempo médio de três décadas. O trabalho proposto segue um estudo etnográfico, com foco nas análises situacionais das discussões sobre Mercado de Carbono no território quilombola em diversos eventos, tanto virtual, quanto presencial. Onde foi possível identificar que a mercantilização do crédito de carbono, cria intervenções que imprimem outros significados ao uso do território: de um lado o território como reprodução socioeconômica e cultural (modo de viver, produção tradicional da roça); e do outro, como fonte mercadológica. Todavia, isso tem gerado vários conflitos, externos e internos envolvendo os responsáveis pela gestão do território (ARQUIA), agricultores, estudantes quilombolas, filhos de agricultores, pescadores, oleiros e a empresa Amazon Carbon. Os posicionamentos divergem entre os próprios quilombolas, à medida que alguns veem o mercado de carbono como uma oportunidade financeira e outros como perda de autonomia territorial, além disso, recai na incerteza de entrar no mercado devendo milhões, sem a transparência do que efetivamente irá ocorrer no território, após a assinatura do contrato.
Palavras-chave: Mercado de carbono. Território quilombola. Conflitos