Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 035: Cidades e citadinidades: questões de Antropologia Urbana
Identidade, pertencimento e memória nas narrativas de atores sociais em suas lutas pela moradia na RMBH
O objetivo deste trabalho é analisar narrativas de atores sociais em suas práticas de ativismo junto a movimentos sociais de luta por habitação sob a perspectiva da identidade, do pertencimento e da memória. Consideramos nas análises os processos de nomeação das ocupações urbanas, as formas como os movimentos e atores sociais constroem o frame de suas pautas e os discursos desses sujeitos sobre suas vivências nas lutas por moradia e outros direitos. As análises revelam que são mobilizadas pelos atores, em seus cotidianos e práticas de ativismo, questões que atravessam classe, gênero e raça de forma interseccional, bem como articulam dimensões da moradia associadas à preservação da natureza e às manifestações culturais e religiosas. Os dados analisados foram coletados durante a realização do Curso de Formação de Agentes Sociais pela Reforma Urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte (CFAS/RMBH), que aconteceu ao longo do segundo semestre de 2023. Parte integrante de um projeto que concilia pesquisa, ensino e extensão, o CFAS consiste em um ciclo de encontros gratuitos nos quais reforma urbana e direito à cidade em suas variadas dimensões são problematizados e debatidos. A partir de uma combinação de conhecimentos acadêmicos e conhecimentos produzidos pelos movimentos, facilitadores convidados compartilham experiências com a turma de cursistas e trocam conhecimentos. O Curso visa impulsionar a participação social, a transformação positiva nas comunidades periféricas e socialmente vulneráveis e as redes de apoio entre ativistas e suas pautas. Por isso, o CFAS é voltado para integrantes de movimentos, coletivos e entidades, entendendo que o agente social participante pode replicar os conhecimentos e experiências da formação em seu grupo de atuação. Na edição de 2023, trinta e um cursistas participaram dos sete encontros do CFAS, realizados de forma itinerante em territórios populares da RMBH. Nessas oportunidades, lançamos mão de observação participante para coleta de dados, com ênfase nos discursos orais e relatos de experiências, bem como de outras formas de registro, como gravação de vídeos e fotografias. Em adição, para compor nosso corpus empírico, realizamos entrevistas com os cursistas-ativistas para aprofundar a análise dos discursos e das práticas dos movimentos e de seus atores sociais.
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