Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 044: Dialéticas da plantations e da contraplantation: expropriação, recusa e fuga
Vida política na Guiana no rastro da plantation e na era do petróleo
Esta comunicação é parte de uma pesquisa de doutorado em curso que busca pensar de que formas a atual instalação da indústria petrolífera offshore na Guiana entretém relações com os legados da plantation no país. No contexto em questão, um desses legados é a cristalização da divisão da esfera político-institucional-partidária entre os dois principais grupos étnicos do país, afroguianenses e indoguianenses, descendentes de escravizados e de trabalhadores contratados (indentured labourers) levados para as plantações da antiga colônia holandesa e depois britânica. Diante disso, pergunto: como se atualiza, na Guiana, a vida política no rastro da plantation (Thomas, 2019) e na era do petróleo? Para tecer as primeiras considerações sobre a questão, busco indícios em processos jurídicos movidos por cidadãos nos quais órgãos do Estado e multinacionais petrolíferas aparecem como corréus, na presença e na ausência de protestos nas ruas, e nas cartas abertas escritas para a imprensa local. Participar ou tomar partido em cada uma dessas atividades possuem certas implicações do ponto de vista dos meus interlocutores. Nessa arena, acusações sobre "to be political" em suas ações convivem com questões que eles chamam de "paramountcy of the party e "fear of victimization". Aqui, tomarei tais termos enquanto objetos de análise etnográfica para começar a pensar sobre como uma ordem política racializada, condensada na expressão crioula "apaan jaat" (Vaughn, 2022), se atualiza e se transforma à medida que a Guiana ganha proeminência mais uma vez no circuito extrativista do capitalismo global.
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