ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 022: Antropologia e Povos Indígenas em Contextos Nacionais Diversos
Vida e morte autoprovocada entre jovens Kaiowá: dispositivos de cuidados de professoras indígenas na Reserva Indígena de Dourados (MS)
Este trabalho propõe contribuir com o debate acerca do fenômeno de mortes autoprovocadas de jovens indígenas Kaiowá, por meio de uma investigação realizada na Reserva Indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Desde o início, a intenção deste projeto foi a realização de uma pesquisa de cunho etnográfico para análise e discussão de como ocorrem as mortes autoprovocadas de indígenas dessa etnia. Além disso, foi também de meu interesse compreender como ocorriam as estratégias de cuidados e de tratamentos multiculturais disponibilizados na Reserva aos jovens indígenas, em sua maioria da etnia Kaiowá, que se encontravam em situação de vulnerabilidade e sofrimento psicossocial. As redes de cuidados em saúde, que encontrei na Reserva, aconteciam por meio de algumas estratégias multiculturais desenvolvidas por rezadeiras e rezadores Kaiowá, profissionais da saúde mental indígenas e não-indígenas e professoras e professores indígenas de uma escola localizada na Reserva. Neste artigo, o foco é especialmente apresentar e discutir as narrativas e os dispositivos de cuidados desenvolvidos por professoras indígenas residentes na Reserva Indígena de Dourados (MS) para o acolhimento de jovens em sofrimento psicológico, que manifestam ideação de morte autoprovocada e/ou já realizaram tentativas de tirar a própria vida. As estratégias destas professoras em saúde mental foram os dispositivos de: escuta atenta e sensível dos jovens; acolhimento afetivo dos estudantes; aconselhamento quasi-familiar; mediação entre os jovens e profissionais da saúde e construção de fortes laços sociais e afetivos com os jovens. Esta pesquisa encontrou algumas pistas de possíveis respostas às questões discutidas neste trabalho.